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31 julho, 2010

O inferno midiático de Alcides

A julgar pelo tratamento que vem recebendo da mídia, o governo Alcides nem parece o mesmo que , há um ano e meio, era elogiado por sua postura de respeito ao Legislativo, em reportagem de Núbia Lobo, em O Popular ( Paz marca relação entre os poderes - Assembléia e governo vivem dias de harmonia, com troca de elogios e consenso em votações polêmicas).

No que se refere à mídia, os mecanismos de transparência em vigor desde fins de maio mostram o que talvez seja o pecado mortal do governador.

Como mostrei há dois anos, no primeiro ano da gestão houve um tombo espetacular de 76% nos gastos com propaganda , que caíram de R$ 110,4 milhões, em 2006, para R$ 26,4 milhões, em 2007.

Em maio deste ano, reportagem da Folha mostrou que no ano passado esses gastos tinham sido de R$ 109 milhões, ou seja, depois de dois anos, tinham voltado ao nível apresentado no último ano do governo anterior.

Nada indica que devessem diminuir este ano, salvo pela restrição imposta pela legislação eleitoral ( poderiam atingir no máximo a média dos três últimos anos). Também em função da legislação eleitoral, esses gastos são concentrados no primeiro semestre pois são proibidos nos três meses anteriores à eleição.Tudo junto, era para a mídia estar rindo à toa neste segundo semestre.

Não é o que mostram, contudo, as informações sobre os gastos feitos pelo governo, disponíveis na internet.

Tomando apenas a AGECOM, órgão que concentra os gastos nesta área, a previsão inicial era de R$ 19,6 milhões. Foi ampliada posteriormente para R$ 66,15 milhões, dos quais já foram empenhados R$ 66,12 milhões. No entanto, só foram pagos R$ 20,18 milhões. Faltam R$ 45,84 milhões.

Seria este o pecado mortal a explicar a penitência que a mídia vem impondo ao governo Alcides?


Abaixo, o quadro com os gastos com propaganda da AGECOM, disponível no site Tr@nsparência Goiás (clique sobre a imagem para ampliá-la).



26 maio, 2010

Propaganda governamental: Goiás é o terceiro em gastos

Ontem o Diário da Manhã reproduziu reportagem da Folha de São Paulo, do dia anterior, sobre os gastos com publicidade e propaganda dos governos estaduais.

Goiás é o 3° em valor gasto por habitante, perdendo apenas para o Distrito Federal e Tocantins. Em valor absoluto, é o quarto, atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.

O total gasto por Goiás em 2009, segundo a matéria, foi de R$ 109 milhões.

Com esses números, o governo estadual retoma o nível de gastos apresentado em 2003 ( R$ 109,8 milhões) e 2006 (R$ 110,4 milhões), em valores nominais. Uma recuperação e tanto, considerado o tombo de 76% ocorrido nessas despesas em 2007 (R$ 26,4 milhões), como mostrei há dois anos.

Acabou, portanto, o prêmio de que desfrutou o prefeito Iris Rezende em sua reeleição à prefeitura de Goiânia, quando a queda nos gastos do estado potencializou a importância dos gastos da prefeitura, que passaram de cerca de 10% para quase metade daqueles, como também mostrei à mesma época ( em outubro de 2008, fiz uma análise mais aprofundada deste presente ganho por Iris).

Coincidentemente, no próximo sábado, a partir das 14h., apresentarei, no XII Intercom - Congresso de Ciências da Comunicação - Regional Centro-Oeste, o artigo Despesas com Publicidade e Propaganda de Governos do Estado de Goiás, em que apresento os montantes e a evolução dessas despesas no período de três governos, entre 1994 e 2006 (veja aqui a lista completa de trabalhos que serão apresentados).

Abaixo, o resumo do artigo:

O conhecimento dos atos dos governos, permitindo o seu controle, é da essência da democracia. Uma mídia independente e atuante é fundamental para que isso ocorra. Na América Latina, a ação dos governos, em especial no controle da distribuição das verbas de publicidade e propaganda, dificulta sua efetivação. No Estado de Goiás, verificou-se, num período de doze anos, valores altos para essas despesas, em termos absolutos e relativos, além do seu aumento real ao longo dos anos.

20 outubro, 2008

Prefeito sem defeito - 1 - Propaganda e reeleição

Acabo de postar, com data de 9 de agosto (quando comecei a escrevê-lo) , o estudo com título acima.
Atualização em em 21.10.08 às 11:30h. : segue a cópia da íntegra do texto.


Preparando o terreno

Em agosto do ano passado, mostrei que na eleição para governador, em 2006, o PMDB abandonara a crítica aos gastos com propaganda do governo estadual, tema recorrente nos anos anteriores. Determinante nessa mudança, tinha sido a conquista da Prefeitura de Goiânia em 2004 e a perspectiva da reeleição do prefeito Íris Rezende, projeto em que a comunicação seria crítica.
O prefeito já tinha mudado três vezes o secretário da pasta – a última em maio - na busca de maior visibilidade para sua gestão. O orçamento divulgado, de 10 milhões de reais, seria um problema pela sua pequenez, se confrontado com os números que candidato do próprio PMDB atribuía ao governo estadual – equivalentes a mais de 100 milhões de reais anuais.
Um presente - cai propaganda do estado
Seria, caso a crise não tivesse se instalado no estado, agigantando a prefeitura como anunciante diante do governo estadual e dona de um caixa essencial para a sobrevivência das empresas de comunicação ( Propaganda Zero 1 - Crise do estado torna prefeitura de Goiânia vital para a imprensa).

Em maio deste ano, mostrei o tamanho exato (76%) da queda nos gastos com propaganda do governo do estado em 2007, em relação a 2006. Um prêmio inesperado para o prefeito Iris Rezende, já então notório candidato à reeleição ( Propaganda Zero 7 - Governo estadual gastou 76% menos com propaganda em 2007).

Com isso, os gastos da Prefeitura estariam próximos da metade do valor gasto pelo estado. Situação completamente diferente da vivida por Pedro Wilson (PT) na campanha para a reeleição, em 2004: os gastos da prefeitura, que estariam nos mesmos R$ 10 milhões à época, eram inferiores a 10% do valor gasto pelo estado (R$ 144 milhões) (Propaganda Zero 8 - Iris é quem ganha).

O únicos dados disponíveis para comparar os valores gastos pela prefeitura com os do estado são os gastos com a verba Comunicação Social, feito pela Secretaria de Governo ( uma fração deles referem-se ao custeio da Secom), obtidos nos relatórios da execução orçamentária.

Na verdade os valores corretos são superiores, pois faltam ser somados os gastos feitos pelas secretarias da saúde e da educação, que têm gestão própria de seus recursos, e também da administração indireta ( Comurg, Dermu/Compav, Instituto de Previdência, SMT e AMMA) - cuja execução orçamentária não tem como ser acompanhada pelos relatórios.

Entretanto, é de supor-se que o comportamento verificado com a verba da Secretaria de Governo tenha se repetido nesses outros órgãos. A questão seria quanto exatamente foi gasto.

No caso do governo estadual, os valores incluem as despesas com noticiário, propaganda ou promoção, tanto da administração direta quanto indireta.

Mesmo com essa dificuldade, o gráfico 1, abaixo mostra como aumentou a importância relativa da prefeitura enquanto anunciante - os gastos do estado já vinham em queda desde 2005, quando tiveram seu pico:

(clique sobre os gráficos para ampliá-los)


Prioridade máxima

Mudou também o valor gasto em relação ao previsto no orçamento. Em 2007 houve um aumento significativo - gastou-se quase o dobro do previsto no orçamento para aquele ano, com uma inversão no movimento registrado nos dois anos anteriores , em que os gastos foram menores que o previsto. Já em 2008, até o final de junho já tinha sido utilizado quase todo o valor previsto para o ano. O gráfico 2 ilustra isso:




Goiânia 3 X 1 São Paulo


Uma comparação dos gastos com Comunição Social da Prefeitura de Goiânia com os da Prefeitura de São Paulo, a partir dos mesmos relatórios, é reveladora de como aqueles são expressivos .

Conforme o gráfico 3, abaixo, considerando-se os valores nominais, em 2005, Goiânia gastou exatamente o dobro de São Paulo. Em 2006, com a posse de Gilberto Kassab, São Paulo quase triplicou seus gastos, ultrapassando Goiânia. Com a explosão de 2007, no entanto, Goiânia gastou 50% a mais que São Paulo e, neste ano, no primeiro semestre, gastou mais que o triplo de São Paulo. Mas há outros números ainda mais impressionantes.






Goiânia 20 X 1 São Paulo


São Paulo tem evidentemente uma receita muito maior que a de Goiânia. Em 2007 , sua receita corrente líquida foi de R$ 18,58 bilhões, 13 vezes a de Goiânia, de 1,44 bilhão. Comparando-se os gastos em relação à receita no ano anterior, Goiânia saltou de um gasto 7,6 vezes maior que o de São Paulo, em 2006, para 20,3 mais em 2007, como mostra o gráfico 4 ( respectivamente 0,53/0,07 e 1,22/0,06).





CPI dos correios propôs limitar gastos

Esses números são interessantes também porque tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei complementar 370/2006, de autoria da CPMI dos Correios, com o objetivo de limitar os gastos com propaganda.

A relação utilizada no gráfico anterior ( gasto/RCL) é a proposta pelo projeto. Os limites seriam: União - 0,2 %; Estados 0,5 % e Municípios 1,0 %. O projeto foi apensado ao substitutivo do 205/2001, que propõe 0,2 % para a União e 1,0% para Estados, Distrito Federal e Municípios.

Pelos números apresentados para as duas cidades, o limite de 1% para os municípios parece excessivo.


Lei eleitoral proíbe gasto


O único limite existente está na Lei das Eleições. O gasto com propaganda, no primeiro semestre do ano das eleições, não pode ser superior à média do que foi gasto nos três anos anteriores ou ao total gasto no ano imediatamente anterior, considerando-se o que for menor.

Essa poderia ser uma outra explicação para a explosão dos gastos em 2007: os gastos elevados no ano anterior são condição para que se possa gastar muito durante o primeiro semestre no ano das eleições.

Mesmo assim, tomados os valores disponíveis para a Prefeitura de Goiânia, os gastos no primeiro semestre de 2008 (10,76 milhões) ultrapassam a média dos últimos três anos (9,89 milhões), como mostra o gráfico 5.







Obs: gráficos elaborados a partir dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária do 3º e 6º bimestres, respectivamente para os anos de 2008 e 2005 a 2007, das Prefeituras de Goiânia e São Paulo e dos Relatórios Consolidados da Administração Direta e Indireta de acordo com o artigo 30 da Constituição do Estado de Goiás, para os 4ºs trimestres de 2005 a 2007.




Custo - benefício : Na trilha do Tempo Novo

Porém, mesmo que tenha sido ultrapassado o valor permitido, não há muito com o que se preocupar. Caso o gasto total ( incluindo os outros órgãos do município) tenha mantido essa relação, a penalidade a ser imposta ao prefeito reeleito é uma multa, no valor máximo de 106 mil reais (100 mil ufirs).

Foi esse o valor da multa imposta ao ex-governador Marconi Perillo pelo TSE, por ter desobedecido à mesma regra em 2002, ano de sua reeleição.


Registro solitário

A situação não teria passado despercebida pela oposição, contudo.

A edição do jornal Hoje do dia 7 de agosto publicou, na agenda do candidato a prefeito Martiniano Cavalcanti (PSOL), que às 14h. , ele iria "ao Ministério Público Estadual protocolar uma representação requerendo investigação sobre gastos de publicidade da prefeitura em 2008", indo também "à Procuradoria Regional Eleitoral e ao TCM com o mesmo objetivo".

Aparentemente as representações foram feitas, mas posteriormente os sites do Ministério Público Estadual, do TRE e da Procuradoria Regional Eleitoral não veicularam nenhuma informação a respeito.

Nem a imprensa.



Atualização em 20.10 às 17:20, para correção de erro de revisão no primeiro parágrafo do subtítulo Lei Eleitoral proíbe gasto ( estava maior ao invés de menor).





09 agosto, 2008

Prefeito sem defeito - 1 - Propaganda e reeleição

Preparando o terreno

Em agosto do ano passado, mostrei que na eleição para governador, em 2006, o PMDB abandonara a crítica aos gastos com propaganda do governo estadual, tema recorrente nos anos anteriores. Determinante nessa mudança, tinha sido a conquista da Prefeitura de Goiânia em 2004 e a perspectiva da reeleição do prefeito Íris Rezende, projeto em que a comunicação seria crítica.

O prefeito já tinha mudado três vezes o secretário da pasta – a última em maio - na busca de maior visibilidade para sua gestão. O orçamento divulgado, de 10 milhões de reais, seria um problema pela sua pequenez, se confrontado com os números que candidato do próprio PMDB atribuía ao governo estadual – equivalentes a mais de 100 milhões de reais anuais.

Um presente - cai propaganda do estado

Seria, caso a crise não tivesse se instalado no estado, agigantando a prefeitura como anunciante diante do governo estadual e dona de um caixa essencial para a sobrevivência das empresas de comunicação ( Propaganda Zero 1 - Crise do estado torna prefeitura de Goiânia vital para a imprensa).

Em maio deste ano, mostrei o tamanho exato (76%) da queda nos gastos com propaganda do governo do estado em 2007, em relação a 2006. Um prêmio inesperado para o prefeito Iris Rezende, já então notório candidato à reeleição ( Propaganda Zero 7 - Governo estadual gastou 76% menos com propaganda em 2007).

Com isso, os gastos da Prefeitura estariam próximos da metade do valor gasto pelo estado. Situação completamente diferente da vivida por Pedro Wilson (PT) na campanha para a reeleição, em 2004: os gastos da prefeitura, que estariam nos mesmos R$ 10 milhões à época, eram inferiores a 10% do valor gasto pelo estado (R$ 144 milhões) (Propaganda Zero 8 - Iris é quem ganha).

O únicos dados disponíveis para comparar os valores gastos pela prefeitura com os do estado são os gastos com a verba Comunicação Social, feito pela Secretaria de Governo ( uma fração deles referem-se ao custeio da Secom), obtidos nos relatórios da execução orçamentária.

Na verdade os valores corretos são superiores, pois faltam ser somados os gastos feitos pelas secretarias da saúde e da educação, que têm gestão própria de seus recursos, e também da administração indireta ( Comurg, Dermu/Compav, Instituto de Previdência, SMT e AMMA) - cuja execução orçamentária não tem como ser acompanhada pelos relatórios.

Entretanto, é de supor-se que o comportamento verificado com a verba da Secretaria de Governo tenha se repetido nesses outros órgãos. A questão seria quanto exatamente foi gasto.

No caso do governo estadual, os valores incluem as despesas com noticiário, propaganda ou promoção, tanto da administração direta quanto indireta.

Mesmo com essa dificuldade, o gráfico 1, abaixo mostra como aumentou a importância relativa da prefeitura enquanto anunciante - os gastos do estado já vinham em queda desde 2005, quando tiveram seu pico:

(clique sobre os gráficos para ampliá-los)


Prioridade máxima

Mudou também o valor gasto em relação ao previsto no orçamento. Em 2007 houve um aumento significativo - gastou-se quase o dobro do previsto no orçamento para aquele ano, com uma inversão no movimento registrado nos dois anos anteriores , em que os gastos foram menores que o previsto. Já em 2008, até o final de junho já tinha sido utilizado quase todo o valor previsto para o ano. O gráfico 2 ilustra isso:




Goiânia 3 X 1 São Paulo


Uma comparação dos gastos com Comunição Social da Prefeitura de Goiânia com os da Prefeitura de São Paulo, a partir dos mesmos relatórios, é reveladora de como aqueles são expressivos .

Conforme o gráfico 3, abaixo, considerando-se os valores nominais, em 2005, Goiânia gastou exatamente o dobro de São Paulo. Em 2006, com a posse de Gilberto Kassab, São Paulo quase triplicou seus gastos, ultrapassando Goiânia. Com a explosão de 2007, no entanto, Goiânia gastou 50% a mais que São Paulo e, neste ano, no primeiro semestre, gastou mais que o triplo de São Paulo. Mas há outros números ainda mais impressionantes.






Goiânia 20 X 1 São Paulo


São Paulo tem evidentemente uma receita muito maior que a de Goiânia. Em 2007 , sua receita corrente líquida foi de R$ 18,58 bilhões, 13 vezes a de Goiânia, de 1,44 bilhão. Comparando-se os gastos em relação à receita no ano anterior, Goiânia saltou de um gasto 7,6 vezes maior que o de São Paulo, em 2006, para 20,3 mais em 2007, como mostra o gráfico 4 ( respectivamente 0,53/0,07 e 1,22/0,06).





CPI dos correios propôs limitar gastos

Esses números são interessantes também porque tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei complementar 370/2006, de autoria da CPMI dos Correios, com o objetivo de limitar os gastos com propaganda.

A relação utilizada no gráfico anterior ( gasto/RCL) é a proposta pelo projeto. Os limites seriam: União - 0,2 %; Estados 0,5 % e Municípios 1,0 %. O projeto foi apensado ao substitutivo do 205/2001, que propõe 0,2 % para a União e 1,0% para Estados, Distrito Federal e Municípios.

Pelos números apresentados para as duas cidades, o limite de 1% para os municípios parece excessivo.


Lei eleitoral proíbe gasto


O único limite existente está na Lei das Eleições. O gasto com propaganda, no primeiro semestre do ano das eleições, não pode ser superior à média do que foi gasto nos três anos anteriores ou ao total gasto no ano imediatamente anterior, considerando-se o que for menor.

Essa poderia ser uma outra explicação para a explosão dos gastos em 2007: os gastos elevados no ano anterior são condição para que se possa gastar muito durante o primeiro semestre no ano das eleições.

Mesmo assim, tomados os valores disponíveis para a Prefeitura de Goiânia, os gastos no primeiro semestre de 2008 (10,76 milhões) ultrapassam a média dos últimos três anos (9,89 milhões), como mostra o gráfico 5.






Obs: gráficos elaborados a partir dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária do 3º e 6º bimestres, respectivamente para os anos de 2008 e 2005 a 2007, das Prefeituras de Goiânia e São Paulo e dos Relatórios Consolidados da Administração Direta e Indireta de acordo com o artigo 30 da Constituição do Estado de Goiás, para os 4ºs trimestres de 2005 a 2007.




Custo - benefício : Na trilha do Tempo Novo

Porém, mesmo que tenha sido ultrapassado o valor permitido, não há muito com o que se preocupar. Caso o gasto total ( incluindo os outros órgãos do município) tenha mantido essa relação, a penalidade a ser imposta ao prefeito reeleito é uma multa, no valor máximo de 106 mil reais (100 mil ufirs).

Foi esse o valor da multa imposta ao ex-governador Marconi Perillo pelo TSE, por ter desobedecido à mesma regra em 2002, ano de sua reeleição.


Registro solitário

A situação não teria passado despercebida pela oposição, contudo.

A edição do jornal Hoje do dia 7 de agosto publicou, na agenda do candidato a prefeito Martiniano Cavalcanti (PSOL), que às 14h. , ele iria "ao Ministério Público Estadual protocolar uma representação requerendo investigação sobre gastos de publicidade da prefeitura em 2008", indo também "à Procuradoria Regional Eleitoral e ao TCM com o mesmo objetivo".

Aparentemente as representações foram feitas, mas posteriormente os sites do Ministério Público Estadual, do TRE e da Procuradoria Regional Eleitoral não veicularam nenhuma informação a respeito.

Nem a imprensa.



Atualização em 20.10 às 17:20, para correção de erro de revisão no primeiro parágrafo do subtítulo Lei Eleitoral proíbe gasto ( estava maior ao invés de menor).



01 maio, 2008

Propaganda Zero 8 - Iris é quem ganha

O tombo fenomenal nos gastos com propaganda do governo do estado é um prêmio inesperado para o prefeito Iris Rezende, notório candidato à reeleição.

Como havia ressaltado em textos anteriores desta série ( clique aqui e aqui para ler) , o poder de fogo do município foi amplificado, já que agora os gastos da Prefeitura estariam próximos da metade do valor gasto pelo estado ( o valor divulgado para a prefeitura é de cerca de R$ 10 milhões, embora matéria do Jornal Opção, edição de 5 a 11 de novembro de 2006 registrasse R$ 18,2 milhões, sem especificar exatamente o período -clique aqui para ler . Já o estado gastou R$ 26 milhões em 2007,veja o texto anterior, abaixo).

Compare-se com a situação de Pedro Wilson na campanha para a reeleição, em 2004: os gastos da prefeitura, que estariam nos mesmos R$ 10 milhões à época, eram inferiores a 10% do valor gasto pelo estado (R$ 144 milhões).

Ainda a título de comparação, a Prefeitura de São Paulo previu um gasto de R$ 36,6 milhões para este ano. No ano passado a previsão era de R$ 46,7 milhões e foram gastos R$ 77 milhões (clique aqui para ler).

Propaganda Zero 7 - Governo Estadual Gastou 76% menos com Propaganda em 2007

No dia 18 de março, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás divulgou os dados referentes ao gasto total com propaganda pelo governo do estado, em 2007. Os dados confirmam as tendências apontadas nos textos anteriores desta série, relativos aos dois primeiros trimestres do ano.


O tamanho do tombo

O total gasto foi de R$ 26,4 milhões, correspondente a menos de um quarto (23,9% ) do que foi gasto em 2006 (R$ 110 milhões). Em relação à média de gasto anual no governo anterior (2003-06), de R$ 139,4 milhões, foram 19% . Mesmo em relação à primeira gestão do Tempo Novo (1999-2002), gastou-se em 2007 menos da metade (45,6 %) da média de gasto anual naquele período, que foi de R$ 57,88 milhões ( gráfico 1, tabela).


Origem dos Gastos


O gráfico 2 mostra a variação do gasto com propaganda desde 2003 nos 4 órgãos que concentram essas despesas (AGECOM, CELG, DETRAN e SANEAGO) e no restante (OUTROS), com crescimento até 2005, uma ligeira queda em 2006 e o tombo em 2007, em especial na AGECOM e na CELG, as maiores gastadoras.



No governo anterior (2003-06), a AGECOM fora responsável por 57% dos gastos com propaganda, vindo a seguir a CELG, com 22%; DETRAN, com 7%, a SANEAGO com 5% e o conjunto dos demais órgãos do executivo com 9% (gráfico 3).


Alteração na Proporção dos Gastos

Com a redução brutal nos gastos da AGECOM e CELG, essa proporção em 2007 mudou, com os outros órgãos aumentando sua participação proporcional: a CELG foi responsável por 24% dos gastos, ultrapassando a AGECOM, que ficou com 22%; o DETRAN e a SANEAGO ficaram com 17% cada e um novo foco de despesas detacou-se, o FUNPRODUZIR, que ficou com 10%, enquanto o conjunto dos demais órgãos gastou 14% do total (gráfico 4).


Além da queda nos gastos da AGECOM e CELG, o destaque foi a retomada dos gastos do DETRAN, que em 2006 tinham sido inexpressivos, contrariando seu posicionamento histórico entre os maiores gastadores. Os gastos no 1º trimestre de 2007 refletiam a situação daquele ano: os gastos estavam concentrados na AGECOM, na CELG e na SANEAGO (gráfico 5).



Detran reassume sua posição

Ao longo do ano, os gastos do DETRAN explodiram, saindo de praticamente zero no primeiro trimestre para R$ 2,8 milhões no 4º trimestre, num total de R$ 4,4 milhões no ano (3º lugar entre os órgãos com maior gasto) .

A SANEAGO dobrou seus gastos entre o primeiro e o quarto trimestres, gastando R$ 3,3 milhões no ano ( 4º lugar).

A CELG quadruplicou seus gastos no segundo trimestre, fez uma redução no terceiro para retomar o nível anterior no quarto trimestre, totalizando R$ 6,4 milhões no ano (1º lugar ).

Os gastos do FUNPRODUZIR se concentraram no terceiro trimestre (5º lugar).

A AGECOM chegou ao fim do ano gastando cerca da metade do que gastava no início. No ano foram de R$ 5,9 milhões (2º lugar).

O conjunto dos demais órgãos do Executivo dobrou seus gastos no terceiro trimestre, voltando ao valor inicial no 4º trimestre (gráfico 6, tabela).





13 novembro, 2007

Propaganda Zero 6 - Os bons tempos voltaram - Aniversário de Goiânia

Em outubro, a Prefeitura de Goiânia, a pretexto da comemoração do aniversário da cidade, no dia 24, consolidou a mudança na sua comunicação, comprovando como a área é crítica para a reeleição do prefeito.

O poder de fogo do município foi potencializado pela incapacidade do governo estadual em manter seus gastos no patamar histórico (leia aqui artigos anteriores desta série).

Entre as ações desenvolvidas no período estiveram:

- Tablóide colorido, com 16 páginas, Goiânia 74 anos - Ações para você, edição de 24 de outubro - jornal O Popular;

- Tablóide colorido, com 16 páginas, Projetos e Obras - Goiânia, cada vez melhor , edição de 28 de outubro - jornal O Popular;

-Caderno Especial - chamada de capa As obras da Prefeitura de Goiânia, com 8 páginas coloridas, Revista Hoje, edição de outubro;

- Videodocumentário publicitário - Especial Goiânia 74 anos - exibido pela TV Anhangüera no sábado, 20 de outubro, das 11:30 às 12:15.

- Três anúncios de página inteira, no Guia Veja Goiânia - O melhor da cidade, de circulação anual, cuja festa de lançamento foi no dia 18 de outubro. O primeiro, sobre as ações na cultura, o segundo, na área ambiental e o último na educação (atualizado em 4.12.07).

Porém, a mais singular dentre todas as iniciativas para divulgar a administração foi um caderno em formato standard, com 24 páginas coloridas - Goiânia 74 anos - que circulou na edição do jornal Diário da Manhã do dia de 24 de outubro.

Curiosamente, o especial não teve anúncios do município. Foram 9 anunciantes, todos ligados à área da construção civil : ADEMI.GO (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário), Engecred, SENGE-GO, SINDUSCON-GO, AGE (Associação Goiana das Empresas de Engenharia), Clube de Engenharia de Goiás, Flamboyant (2 páginas), Supermercados Marcos e o CREA, que ocupavam a barra inferior (uns 10% da área) das páginas em que apareceriam.

A capa é elucidativa sobre o conteúdo do caderno. Uma foto em preto e branco do comício pelas Diretas Já, realizado em Goiânia, ocupa praticamente toda a página, mostrando em primeiro plano Iris Resende,de perfil, ladeado por Ziraldo, Tancredo Neves e Ulisses Guimarães (todos de costas). No alto da página, o título Goiânia 74 Anos , seguido de três linhas em letras bem menores:

Tudo tem seu tempo.Tempo de semear e tempo de colher.
Tempo de muito trabalho e tempo de realizar os sonhos.
E tempo de Iris no governo é tempo do povo no poder.

A seguir, com o dobro do corpo do título e em caixa alta:

O CRIADOR DAS OBRAS

E outras três linhas em corpo menor:

O que tem se ser, será. O que há de vir, virá.
O destino de um líder ser cumprirá em sua vida.
Por mais que se tente contê-lo em sua trajetória,
as forças da Terra cairão rendidas a ele na História.




03 outubro, 2007

Propaganda Zero - 5 - A Luz no Fim do Túnel

Nos textos anteriores neste título comentei a evolução histórica das despesas com propaganda do Governo de Goiás, com sua drástica redução no primeiro trimestre deste ano.

Os dados do segundo trimestre, disponibilizados recentemente, mostram uma retomada nesses gastos, com crescimento de 62% em relação ao período anterior, sendo os maiores aumentos proporcionais no DETRAN (655%) e na CELG (267%). (gráfico 1).




















Com isso, a participação da CELG superou o percentual de 22% com que historicamente contribuiu no período 2003 a 2006 (leia Propaganda Zero 2 - Do Céu ao Chão - Evolução dos Gastos com Propaganda do Governo de Goiás)(gráficos 2 e 3).































O aumento nominal total foi de R$ 2,64 milhões ( de R$ 4,23 para R$ 6,88 milhões). Desses, a CELG entrou com
R$ 1,61 milhões ( de R$ 605 mil para R$ 2,219 milhões) (Gráfico 4 e tabela).



Caso se mantenha o crescimento de 62% por trimestre, teremos um gasto ao final do ano em torno dos R$ 40 milhões, que com os pelo menos R$ 10 milhões da Prefeitura de Goiânia ( que já anunciou que aumentará sua verba...) , chegarão aos R$ 50 milhões , menos da metade dos R$ 110 milhões gastos somente pelo estado no ano passado.

Projeção com crescimento de 62% por trimestre

período/ valor (R$)
1º trimestre

4.238.018
2º trimestre

6.883.232
3º trimestre

11.179.491
4º trimestre

18.157.315
Ano

40.458.056



Paradoxalmente, a CELG continua dando prejuízo, como mostra matéria de O Popular, na edição de hoje, que anuncia pedido de empréstimo ao BNDES de R$ 1,2 bilhão para pagar dívidas (clique aqui para ler).

Segundo a matéria, só no primeiro semestre, o buraco foi de R$ 103,7 milhões - comparados aos R$ 267 milhões do ano passado (clique aqui para ler).




19 setembro, 2007

Propaganda Zero 4 - Uma exceção

Comemoração

Na segunda-feira, dia 17, o jornal O P0pular trouxe, na coluna social, entrevista com o cantor Fernando Perillo, que é gerente executivo do Fica, na Agepel, e apresenta o quadro Sexta Básica, às sextas-feiras, no Telejornal 12a Hora, na TV Brasil Central, emissora da Agecom.

Entre outras coisas, a entrevista trata do lançamento do DVD de seu último disco, Amores, um dos projetos relacionados à comemoração de seus 25 anos de carreira.

Uma exceção

Não consta da entrevista, mas o projeto tem o patrocínio da CELG, via lei Goyazes, no valor de R$ 100.000,00. A proposta foi apresentada e aprovada em março do ano passado, o contrato assinado em fins de dezembro e o pagamento foi feito no primeiro semestre deste ano.

Registre-se que a CELG apoiou o Fica da primeira à quarta edições e patrocinou as seguintes, até a sétima (2005), deixando de fazê-lo a partir de 2006, seguramente em função do agravamento da situação financeira do estado, em geral, e da empresa, em particular, e a conseqüente redução nos seus gastos com propaganda e patrocínio, como mostrei em texto anterior desta série (Propaganda Zero 2 - Do Céu ao Chão - Evolução dos Gastos com Propaganda do Governo de Goiás ).


30 agosto, 2007

Propaganda Zero - 3 – Jornal Opção Criticou Gastos Elevados

O pico dos gastos com propaganda foi em 2005 (veja texto anterior). Em sua edição nº 1565 , com circulação entre 3 e 9 de julho daquele ano, o Jornal Opção criticou os gastos elevados com propaganda pelo governo – do Distrito Federal.

Publicada na seção Reportagens, sob a rubrica Fenômeno, o título da matéria era GDF paga para não ser notícia , com o subtítulo o governo de Joaquim Roriz gastou 100 milhões de reais com mídia. O publicitário e “ pecuarista” Marcos Valério, com sua SMP&B, também atuou no DF.

Os 100 milhões se referiam aos gastos do GDF com propaganda em 2004. A matéria citava também os gastos em 2003 (68,5 milhões) e até junho de 2005 , de acordo com o Tribunal de Contas do DF. Os gastos do Governo de Goiás nos mesmos anos - 144 milhões em 2004 e 110 milhões em 2003, veja texto anterior - tinham sido muito superiores.


Para ler a matéria, selecione edições anteriores no site do Jornal Opção.

29 agosto, 2007

Propaganda Zero 2 - Do Céu ao Chão - Evolução dos Gastos com Propaganda do Governo de Goiás

Este texto e os gráficos que o ilustram foram elaborados a partir de tabela com a compilação de dados divulgados pelo TCE-GO. Para 2007, como foram divulgados apenas os dados do primeiro trimestre os valores anuais são projeções feitas multiplicando-se aqueles por 4.


Os gastos do Governo de Goiás com propaganda (noticiário, propaganda ou promoção) ao longo dos últimos anos impressionam primeiro pelo seu total expressivo, segundo pelo aumento constante ao longo do período e finalmente pela queda brutal este ano. Considerados os valores nominais, não chegam ao bilhão mencionado por Ney Moura Teles (veja texto anterior), mas ficam bem perto – 789 milhões, sendo 232 milhões de 1999 a 2002 e 557 milhões de 2003 a 2006. O aumento da média de gastos anuais entre os dois períodos foi de 149%, passando de 58 milhões para 139 milhões. Já para este ano, chegariam a apenas 17 milhões. (gráfico 1)




Não há dados individualizados disponíveis para os anos de 1999 a 2001, apenas a média anual, de 58 milhões. O crescimento é constante até 2005: em 2002, 74 milhões; em 2003, 110 milhões; em 2004, 144 milhões; em 2005, 193 milhões. Em 2006 há uma redução, com a volta ao patamar de dois anos antes – 110 milhões e, no primeiro trimestre de 2007 uma redução abrupta, com um gasto de apenas 4,3 milhões (equivalentes a 17 milhões projetados para todo o ano - 9% do que foi gasto em 2005). (gráfico 2)



Composição dos Gastos

Dos 557 milhões gastos ao longo de 2003-2007, 91% concentram-se entre quatro fontes principais do governo : em primeiro lugar a AGECOM, com 317 milhões (57%), seguida pela CELG, com 123 milhões (22%), depois o DETRAN, com 38 milhões (7%) e a SANEAGO, com 30 milhões (5%).( gráfico 3)


Em 2007, a queda acentuada na participação dessas 4 fontes principais, reduzindo drasticamente o montante total, fez com que aumentasse em 3,5 vezes a participação proporcional das outras fontes, que passou de 9% para 31%. (gráfico 4)


O Tamanho de Cada Tombo

O caso do DETRAN é singular, pois já em 2006 sua participação, que fora de 14 milhões em 2005, tornou-se insignificante. Na AGECOM, o tombo foi de 110 milhões em 2005 para 7 milhões este ano. Na CELG, redução de 51 milhões para 2 milhões . Na SANEAGO, curiosamente, houve aumento de 2005 para 2006 ( de 8 milhões para 9 milhões), para em seguida acompanhar a queda geral em 2007, reduzindo-se a 2 milhões. Finalmente, as outras fontes todas caíram de 14 milhões em 2005 para 5 milhões este ano. (gráfico 5)











Propaganda Zero – 1 Crise do estado torna a Prefeitura de Goiânia vital para a imprensa

Na última eleição, o PMDB abandonou a crítica aos gastos com propaganda do governo estadual, tema recorrente nos últimos anos. Não parecia ser o caso no início da campanha: em agosto de 2006, Ney Moura Teles, candidato ao senado, declarou, em Itumbiara, que nos últimos anos o governo do PSDB gastara mais de 1 bilhão de reais em publicidade. Determinante nessa mudança, a conquista da Prefeitura de Goiânia em 2004 e a perspectiva da reeleição do prefeito Íris Rezende, projeto em que a comunicação é crítica.

O prefeito já mudou três vezes o secretário da pasta – a última em maio - na busca de maior visibilidade para sua gestão. O orçamento divulgado, de 10 milhões de reais, seria um problema pela sua pequenez, se confrontado com os números divulgados por Teles para o governo estadual – equivalentes a mais de 100 milhões de reais anuais.

Seria, caso a crise não tivesse se instalado. Os dados disponibilizados pelo TCE, referentes ao primeiro trimestre de 2007, mostram que o governo estadual gastou 4,3 milhões de reais em propaganda no período, o que equivalentes a 17 milhões de reais ao longo de todo o ano. Nessas condições, a Prefeitura de Goiânia gastará mais da metade do que gastará o estado, agigantando-se como anunciante diante do governo estadual e dona de um caixa essencial para a sobrevivência das empresas de comunicação.