29 dezembro, 2007

Novos Tempos, Um novo Jornal 2 - A realidade dos fatos

Dia 29, em O Popular, em artigo sobre as demissões que o governo estadual anuncia para esta semana, Fabiana Pulcineli lembrou que desde julho o jornal aguarda informações a respeito, pedidas à AGANP. Reproduzi o artigo dela , à época (13 de julho), junto com o meu texto Novos Tempos, Um Novo Jornal , em que elogiei a nova fase do veículo.

Aproveito agora para comentar outra matéria, publicada pelo jornal no mês passado. Desta vez, quem mostrou a força do "Quarto Poder"na fiscalização dos governos foi a equipe do Magazine, seu segundo caderno.

Tudo começou com uma matéria da repórter Valbene Bezerra, publicada na edição de 6 de novembro. Fazendo um balanço do Festival Goiânia em Cena, promovido pela Prefeitura Municipal , em seis das 140 linhas ela comentou o estado em que se encontrava o Centro Cultural Martim Cererê, unidade da AGEPEL : "apesar da precariedade do local, abandonado à própria sorte desde que Carlos Brandão entregou o bastão para assumir o Goiânia Ouro, o Centro Cultural Martim Cererê foi palco da nova proposta de Hugo Rodas para Édipo...".

No dia 10, pela primeira vez vi uma correspondência da AGEPEL publicada na seção de cartas do jornal. Assinada pela assessora de imprensa da agência, Solange Franco, a carta dizia que diferentemente do que fora publicado na matéria "a agência Goiana de Cultura informa que o Centro Cultural Martim Cererê , uma de suas principais unidades, está funcionando normalmente, embora, para o momento, com um número menor de funcionários". O texto mencionava ainda as dificuldades orçamentárias enfrentadas pelo estado e a programação concorrida da unidade, não apenas naquele mês, mas também para os meses seguintes de dezembro e janeiro. Não foi publicado nenhum comentário da redação ou da repórter junto ao desmentido.

Surpreendi-me com a atitude da AGEPEL porque não se recorreu à prática usual da entrevista "ação entre amigos", em que quando há alguma crítica em um veículo, trata-se de conseguir uma entrevista amistosa em outro, logo em seguida, para rebater os argumentos contrários. Tratei disso em maio de 2006, no texto Dando o Serviço e em dois outros textos ( Entrevista "Ação Entre Amigos" pode ser crime e DM e Maguito multados por "Ação entre Amigos").

A resposta no entanto, não tardou, e veio em grosso calibre. No dia 21, na primeira página do jornal, a segunda manchete era do Magazine - SOS Martim Cererê - encimando uma foto que ocupava cerca de 1/4 da página, com a legenda "Mato invade cúpulas dos teatros Yguá e Pyguá do Martim Cererê, que entrou em crise com corte de despesas pelo governo estadual. A manutenção e a limpeza foram reduzidas e a segurança é precária e o centro cultural virou alvou de ladrões e abriga menos espetáculos". (veja ao final)

Na capa do caderno, em matéria que ocupou toda a página, assinada por Rogério Borges, outra foto do mato que tomava conta das cúpulas dos teatros do centro cultural ocupava a dobra superior , deixando uma coluna para a abertura do primeiro texto. Título: Marcas do Abandono. Subtítulo: Centro Cultural Martim Cererê tem manutenção precária, não conta com segurança e abriga menos espetáculos. A matéria tinha mais três fotos e um segundo texto: Artistas arcam com despesas. (veja ao final)

Fato relevante, no mesmo caderno, na página 3, veio matéria sobre o lançamento do TENPO, Festival de Teatro promovido pela AGEPEL, ocorrido na véspera e maior realização da agência na área.

A matéria não deixou pedra sobre pedra no desmentido da Agepel. Um ótimo exemplo do que é capaz a imprensa quando se dispõe a buscar a realidade dos fatos para contrastar com a versão oficial.

Que em 2008 e nos anos que se seguirem esse hábito salutar continue, em relação a todos os governos. São meus votos de um ótimo ano novo aos leitores do blog.



Sobre a situação do Cererê leia Cultura Zero 6 - Patrimônio Negativo, de primeiro de julho de 2007.



Para ler as matérias, clique sobre as imagens, abaixo, e novamente, na tela que se abrirá :


Um comentário:

  1. Marcus, excelente abordagem de uma situação que incomoda a todos: o governo Alcides começou a passos de tartaruga para cultura.
    Todavia atente para o fato que Valbene Bezerra é funcionária da Preitura de Goiânia, e Carlos Brandão não deixou o CCMC um brinco. Nós que nos reunimos sempre lá acompanhamos a decadência do espaço, dia após dia e quando, CB pulou do barco para garantir os ganhos na Prefeitura, o espaço encontrava-se em petição de miséria. Quero com isso afirmar que CB nunca foi o heroi e bom moço que VB afirma. Ao contrário. Quando deixar o Cine Ouro lá também não restará pedra sobre pedra. E nesse caso nem será 100% culpa dele, afinal o local foi MONTADO para durar apenas 3 anos.
    O que o povo goiano precisa entender é que mais de 70 anos se passaram desde a fundação de Goiânia, amadorismo e boa vontade, atualmente, são sinônimos de uso patrimonialista de espaços públicos. E isso não dá para admitir.

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