18 março, 2010

Violência em Goiás - Audiência Pública - 10 - Repercussão 4

A estratégia de comunicação do governo diante da crise na segurança


foto: Romany WG


Mais duas cartas publicadas em O Popular. Ambas do dia 17 (veja ao final).

Uma delas, da mãe de Pedro Henrique, rapaz que foi morto por um policial que prestava serviços à AMT nas horas de folga da PM (clique sobre os links na carta para saber mais sobre o caso), se solidarizando com a autora da carta anterior, publicada dia 15.

Na outra, o leitor constata a falência da segurança pública no estado e cobra a intervenção do governador e da polícia federal.

Está aí a grande pergunta: diante da gravidade da situação, o que tem a dizer o governador?

E o Secretário de Segurança Pública, que desde maio do ano passado se recusa a conceder entrevista ao Correio Braziliense, onde está? Até semana passada era pré-candidato a governador, agora sumiu.

A mídia não vai entrevistá-los?


No Goiás Agora, site de notícias do governo estadual, uma nota deste mesmo dia, fim da manhã, dizia que o governador e o secretário lançariam, às 17 h., concursos para a PM e a polícia técnico-científica.

Ocasião perfeita para concederem uma entrevista coletiva dando satisfações à sociedade sobre a crise na segurança. Se não o fizessem, a mídia tinha a tarde toda para preparar-se para entrevistar ambos a respeito.

Não vi nem li nem uma coisa, nem outra. Se me passou despercebida, peço aos leitores que me avisem pois ficarei muito contente em corrigir esta informação.

A nota seguinte, das 18:30h, diz que o governador lançou os concursos e liberou R$ 6 milhões para a construção da Academia da Polícia Civil.

Nenhuma palavra sobre a crise.

Na foto do evento, aparecem os secretários de ciência e tecnologia e de segurança pública, ladeando o governador, junto ao comandante geral da PM.





Outra nota, publicada pouco antes, às 18:07, anunciara a nomeação do restante dos aprovados no concurso da Polícia Civil. O atraso na nomeação fora denunciado numa outra carta, publicada no domingo, dia 14, quando o jornal tem sua maior circulação :

Nomeação de policiais

Somos ex-alunos do curso de formação da Polícia Civil. O concurso para os cargos de agente, escrivão e delegado teve seu início em 2 de setembro de 2008, data em que foi publicado o edital de abertura. Ocorre que na cerimônia de encerramento do curso e entrega dos certificados, em outubro, o secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller, representando o governador de Goiás, prometeu em seu discurso a todos os alunos que a nomeação seria feita gradualmente.
Em novembro, seriam nomeados 20% dos alunos, em dezembro mais 20%, em janeiro 30% e em fevereiro o restante, ou seja, 30%. As nomeações dos meses de novembro, dezembro e janeiro ocorreram em consonância com a promessa.

No entanto, a nomeação de fevereiro se arrasta até o dia de hoje, comprometendo profundamente as vidas dos aprovados que aguardam ansiosamente o ato, pois, a maioria encontra-se desempregada em função da espera.

Hoje, passado aproximadamente 1 ano e 6 meses desde o início do concurso, e sentindo o descaso que o governo de Goiás demonstra conosco, futuros servidores públicos, clamamos por respeito não somente com essas pessoas, mas sobretudo com a população de Goiás.

ALEXANDRE OLIVEIRA
Setor Oeste – Goiânia


Cartas dos leitores - O Popular, 17 de março de 2010


Mortos pela polícia

Ao ler a reportagem Polícia matou 224 nos últimos 8 anos em Goiânia, da jornalista Rosana Melo, publicada segunda-feira no POPULAR, constatei a falência da segurança pública em Goiás, pois, diante da ineficácia de um policiamento planejado, tornou-se comum a execução de criminosos.

A Constituição dá garantias a todos os cidadãos, inclusive aos criminosos. O papel da polícia é proteger vidas e não tirá-las, com vem acontecendo no Estado, sob o pretexto de confronto ou até mesmo com a suspeita de grupos de extermínios.

Segurança pública se faz com respeito à dignidade das pessoas e não com execuções. Diante do que está acontecendo em Goiás, necessário se faz a intervenção urgente do governador do Estado e da Polícia Federal.

JARBAS VIEIRA DA CRUZ
Vila Nova – Goiânia


* Com referência à carta da leitora Leide Maria Ferreira, publicada segunda-feira, eu, mãe do Pedro Henrique de Queiroz, venho em meu nome e de toda minha família, apresentar a essa família nossa solidariedade. Quando meu filho foi assassinado pelo policial Gevani Cardoso da Silva, no dia 11 de setembro de 2008, quando saía do batizado do seu filho, criou-se o movimento Não quero ser mais um, na tentativa de que as estatísticas de violência policial diminuíssem.

Pensamos também em dar um basta na violência gratuita feita por policiais de Goiás. É uma vergonha o que se vê. Nós, pais e irmãos, assim como toda nossa família, lutamos há mais de um ano e meio em busca de justiça para o caso do meu filho. O que temos visto são novos fatos degradantes.

Meu filho foi assassinado sem ao menos saber o motivo e o pior: sem receber pelo menos o socorro. Ao invés de socorrê-lo, viraram as costas e continuaram a tarefa que realizavam, ou seja, trabalhar em horas de folga para a Superintendência Municipal de Trânsito.

O constrangimento que Leide Maria Ferreira e sua família passaram nós também temos passado, nas três audiências que aconteceram. Eles saem rindo como se debochassem das nossas caras. Como se quisessem dizer: “Matei mesmo e daí?”

É muito triste para mim, para a mãe do Darlan e de tantos outros Pedros e Darlans, a impunidade. Acredito que a justiça divina não falha, mas não queria deixar de acreditar na justiça dos homens.

MARIA DO ROSARIO FERNANDES QUEIROZ
Goiânia – GO

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