17 março, 2010

Violência em Goiás - Audiência Pública - 9 - Repercussão 3

1. Carta de leitora, publicada em O Popular na segunda, 15 de março:

Morto a coronhadas

Sou irmã de um jovem que, aos 27 anos, foi mais uma vítima da violência que assusta a cada dia a nossa cidade. O crime foi cometido, no dia 18 de outubro de 2009, por quem deveria estar protegendo pessoas. Meu irmão Darlan Afonso Ferreira nunca teve envolvimento com drogas, bebidas, não fumava e tinha um bom comportamento.

Sempre foi brincalhão com todos, um filho amoroso. Sua família até hoje não entende por que o policial Welington Martins dos Santos tirou a vida desse jovem sem motivos. Darlan morreu sem saber o porquê, já que o assassino nem se deu ao trabalho de olhar em seus olhos, mas fez questão de parar, sacar a arma e gritar para todos ouvirem que era policial militar.

E, então, batia a arma, ponto 40, com toda a sua força na cabeça de Darlan, na região temporo parietal, como diz o laudo cadavérico, com afundamento ósseo. A vítima teve hemorragia imediata e veio a óbito em poucas horas. À família só resta esperar que o autor da violência seja punido.

Com todo o sofrimento, ainda tivemos de vê-lo na audiência de 1º de março de 2010, sendo escoltado como se fosse uma vítima (sem algemas) e com um sorriso no rosto, e os parentes de Darlan como se fossem os reús. Minha mãe não se conteve, se derramando em lágrimas. Vamos esperar a segunda audiência na 2ª Vara Criminal de Goiânia. Que se faça justiça.

LEIDE MARIA FERREIRA
Setor dos Funcionários – Goiânia

2. Editorial de O Popular da terça-feira, 16 de março (enfatizando o conteúdo da reportagem de segunda - veja o post anterior).


Tudo a apurar

De acordo com dados da própria Polícia Civil, 224 pessoas foram mortas nos últimos oito anos, em Goiânia, em possíveis confrontos com policiais civis, militares e federais. Na absoluta maioria dos casos, ou seja, 99%, houve envolvimento de policiais militares, que são os responsáveis pelo patrulhamento ostensivo e, portanto, os primeiros a lidar no enfrentamento de suspeitos.


Considera-se confronto a circunstância em que o policial revida a tiros disparados pelos supostos bandidos. Nesse caso, a lei determina que seja instaurado inquérito pelas corregedorias das polícias para a apuração do que de fato aconteceu. O Ministério Público determina o arquivamento do processo quando constata que houve legítima defesa.


São vidas humanas que se perdem e, sendo assim, a apuração não pode conter falhas. Ela tem de deixar muito esclarecido que o policial que matou cumpriu o seu dever e teve mesmo de se defender.


Delegacias de Homicídios investigam também, desde o ano 2000, outros casos de assassinatos atribuídos a policiais, em Goiânia, sem que a morte tenha ocorrido em situação de confronto. Neste caso é indispensável que a apuração seja muito cuidadosa e rigorosa, a fim de que os culpados recebam a punição prevista em lei.


Não se pode admitir que a condição de policial venha a encobrir homicídios praticados com a proteção da farda e cujas vítimas sejam inocentes. A população precisa sentir segurança, e não medo, quanto à atuação policial.

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