Já se passaram quatro meses desde que, em julho, publiquei meu artigo anterior sobre o Centro Cultural Oscar Nimeyer.
A pressa e o calendário eleitoral
Entretanto, o prazo acabou encurtado para 34 meses - a nova meta é 27 de março de 2010, um mês antes do limite para candidatos às eleições se desincompatibilizarem de seus cargos públicos. Serra é o virtual candidato do PSDB à sucessão presidencial. A construção do Trecho Oeste, com praticamente a metade da extensão do Trecho Sul, demorou quatro anos.
Inês é morta
Eis aí a questão: por que o TCE não fiscalizou a obra enquanto estava em andamento, como faz o TCU? As dimensões da obra, sua localização e a publicidade feita à época da inauguração tornam ainda mais constrangedor o silêncio do TCE.
Aproveitando o ensejo...
O receio do senador, diante da situação de UEG e do Centro Cultural, faz sentido. O principal adversário político dele, o prefeito Iris Rezende (PMDB) – que deve enfrentá-lo nas urnas, em 2010 – já antecipou que, ao contrário das eleições de 1998, agora já será possível comparar as administrações do seu partido e as do PSDB.
Tabela
A matéria do HOJE parece ser a resposta do senador a uma outra, publicada no mês anterior pelo Jornal Opção.
Basicamente, o semanário repetiu parte do que fora feito na reportagem histórica, publicada em fevereiro deste ano por O Popular ( consultou os órgãos responsáveis, sem que ninguém se responsabilizasse; tentou visitar a obra; ligou para o sobrinho de Oscar Niemeyer para confirmar o não pagamento do projeto).
Justamente no que conseguiu de original a reportagem do Opção empacou -não procurou obter a resposta com o senador, seguindo a orientação dada pelo assessor direto do atual governador :
A última tentativa de qualquer declaração por parte do governo Estadual se deu na sexta-feira, 2, data de fechamento da matéria, com Lorimá Dionísio, o assessor direto do governador. Dionísio orientou a reportagem a tentar obter resposta do senador e ex-governador Marconi Perillo, “pois a obra foi construída no mandato dele”. A conclusão a que se chega é que se a batata não está nas mãos de ninguém, corre o risco de apodrecer no chão.
180 graus
As matérias que o Jornal Opção tem publicado mais recentemente sobre o assunto também não deixam de ser históricas. São reveladoras da mudança de postura da imprensa local desde 2006:
1. Marconi Perillo, em entrevista publicada na edição que circulou na semana da inauguração do
Centro Cultural:
Fizemos o Centro Cultural Oscar Niemeyer, uma obra majestosa, o maior cartão de visitas de Goiânia. Quantas pessoas não vão a Bilbao, na Espanha, para conhecer o Museu Guggenheim? Esse centro terá uma biblioteca com 150 mil títulos.
2. Notas da coluna Bastidores, edição de 26 de outubro a 1º de novembro de 2003:
Na quinta-feira, 23, Marconi Perillo anunciou a construção do Centro Cultural Oscar Niemeyer, que, inaugurado daqui a dois anos, em outubro de 2005, certamente se tornará o principal cartão postal (urbano) de Goiás.
As obras do Oscar Niemeyer devem começar até janeiro. O edital de licitação deve ficar pronto em um mês. O centro cultural deve custar 22 milhões de reais.
A área para o Oscar Niemeyer foi doada pelo empresário Lourival Louza Filho, dono do Flamboyant. Ela fica no quilômetro zero da GO-020.
O projeto do centro cultural é do arquiteto Oscar Niemeyer. Ele terá administração/biblioteca, Palácio da Música, museu e monumento dos direitos humanos.
A respeito do nome do centro cultural, Marconi diz que recebeu uma carta do jornalista-poeta Helverton Baiano sugerindo que fossem homenageados José J. Veiga ou Carmo Bernardes.
Marconi diz que goianos, como Belkiss Mendonça, serão homenageados. “O nome de Niemeyer vai chamar atenção nacional para o centro cultural. Mas a homenagem também tem outro sentido. Com a construção de Brasília pelo presidente Juscelino Kubitschek — com o apoio dos arquitetos Lúcio Costa e Niemeyer —, o eixo do desenvolvimento do país deslocou-se, em grande medida, para o Centro-Oeste”, diz o governador.
“O centro cultural é uma revolução”, exulta o historiador Nasr Chaul, presidente da Agência Cultural Pedro Ludovico (Agepel). Depois da primeira revolução, a UEG, da segunda revolução, a ETE, o centro cultural é a terceira revolução do governo Marconi. È há o Crer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário