18 janeiro, 2007

Ponto de Vista - 5 A força do hábito

Os desdobramentos da reunião do dia 12 de dezembro, em que foi lançada a proposta de política cultural elaborada pelo Conselho Estadual de Cultura, em conjunto com entidades da área, mostram como é difícil se mudar hábitos.

Quanto à imprensa, já abordei o processo de elaboração e apoio ao documento e o tratamento dado ao assunto pelo Diário da Manhã.
O Popular também publicou uma matéria a respeito, no dia 19 de dezembro. Condensou as 10 páginas do documento em um parágrafo (7 linhas) e vai no mesmo sentido do Diário da Manhã, destacando a falta de participação da Agepel na sua elaboração e dando a entender que o mesmo foi elaborado naquela única reunião, e não ao longo de um processo. Traz, como o DM, afirmação do presidente do Conselho quanto ao fim da figura do rei.

É pena, pois a ampla reportagem sobre Política Cultural feita por O Popular na edição de 2 de abril do ano passado foi um marco (veja nota Bravo!) e com certeza foi um fator importante a influenciar o conselho nessa iniciativa - tanto é assim que seu presidente tem um exemplar dela sobre a mesa. O jornal sequer mencionou a elaboração do documento entre os fatos importantes para a área ocorridos no ano, no balanço que publicou na edição do dia 31.
A explicação para o pouco destaque às propostas e a ênfase na possível disputa entre Agepel e CEC está na matéria que o Popular publicou em 26 de oubro de 2006, com as (?) propostas dos candidatos para a cultura (veja texto a respeito). Interessa quem estará no cargo, não o que a sociedade considera que precisa ser feito.
O comportamento de parte das entidades supostamente representativas da área também é no mesmo sentido. Na própria reunião do dia 12, foi articulada uma outra, no dia 15, para a escolha de um nome a ser apresentado ao governador, como indicação da área para a presidência da Agepel.
A reunião foi marcada para o IHGG, onde o conselho tinha realizado as reuniões anteriores para elaboração do documento. Segundo o presidente do conselho, ele fez questão de não participar. No entanto, a pedido do presidente do IHGG, primeiro cedeu a lista de entidades culturais, para serem convidadas, e a seguir, o próprio estagiário do conselho foi encarregado de fazer as ligações.
Das 14 entidades que estiveram na reunião do dia 12 e assinam o documento, 4 não apareceram no dia 15 ( Associação Goiana de Cinema e Vídeo, Associação Goiana de Artes Visuais, Associação Goiana de Músicos e Compositores, Associação Brasileira de Documentaristas e Instituto Centro Brasileiro de Cultura). Das outras dez entidades presentes a ambas as reuniões, nove são ligadas à área de literatura e o ICUMAN ao cinema. Outras cinco entidades apareceram: a Associação Piresina de Letras e Artes, a Escola de Sambá Lua-alá, a Pro-cênicas e a FETEG. Portanto, 10 entidades ligadas à literatura, uma ao teatro (FETEG), uma ao cinema (ICUMAN), uma ao carnaval e uma ao teatro e música (Pro-cênicas).
A FETEG, como fizera na reunião anterior a AGCV, colocou-se contra a escolha de nomes e recusou-se a participar da votação.
O resultado final, com os nomes lembrados e votos obtidos foi:


1) Aidenor Aires - 9 votos
2) Luis Fernando Valadares - 7 votos
3) Nasr Chaul - 2 votos
4) José Mendonça Teles - 1 voto
5) Gilvane Felipe - nenhum voto

Aidenor Aires é o presidente do IHGG, Luiz Fernando Valladares é o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Nasr Chaul é o presidente da AGEPEL, José Mendonça Teles é o presidente do instituto que leva seu nome e Gilvane Felipe é o ex-presidente do SEBRAE.
Nove das 14 entidades presentes têm fortes vínculos com a atual gestão da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia, evidenciados ao longo dos últimos dois anos:
- Aires era um dos presentes à reunião na casa de Siron Franco, em apoio à candidatura de Maguito Vilela, segundo reportagem de Carlos Brandão publicada no Diário da Manhã de 21.09.06 (leia a respeito). É também um dos membros do atual Conselho Municipal de Cultura.
- Quatro das entidades atestaram perante o judiciário terem recebido o edital de convocação da III Conferência Municipal de Cultura, anulada pela justiça por falta de publicidade: União Brasileira de Escritores – Seção Goiás – UBE-GO, Academia Goiana de Letras - AGL, Instituto Histórico e Geográfico de Goiás-IHGGe Associação Goiana de Imprensa- AGI .
- Todas elas, mais a Lavourartes, uma diretora da AFLAG e o Presidente da Comissão Goiana de Folclore declararam apoio ao Secretário Municipal de Cultura nas mudanças introduzidas no FAC, objeto de Ação Popular por iniciativa do então Conselho Municipal de Cultura.
- A coleção Prosa e Verso, lançada em pela SECULT em novembro de 2006 traz, entre os volumes publicados, além de coletâneas da UBE, AGL, AFLAG e IHGG, obras individuais dos respectivos presidentes de todas elas, mais os congêneres do Lavourartes e da Comissão Goiana de Folclore.
- O Presidente da Associação Piresina de Letras e Artes, apesar da instituição ser de Pires do Rio, é um dos atuais membros do Conselho Municipal de Cultura de Goiânia, nomeados pelo prefeito.
- A Pró-Cênicas teve seu lançamento oficial no dia 14 de agosto de 2006, no IHGG, em cerimônia que contou com a participação do Secretário Municipal de Cultura. É presidida por Carlos Brandão, atual diretor do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, e foi representada na reunião por membro da diretoria, ligado a Carlos Moreira, atual representante das Artes Cênicas no Conselho Municipal de Cultura.
Lista das entidades que participaram da reunião do dia 15/12 (em negrito, aquelas com vínculos com a administração municipal):
1.Academia Goianiense de Letras
2.Instituto Cultural José Mendonça
3.Associação Lavourartes
4.FETEG
5.Escola de Samba Lua Alá
6.Pro-cênicas
7.Associação Piresina de Letras e Artes
8.Academia Goiana de Letras
9.União Brasileira de Escritores
10.Associação Goiana de Imprensa
11.AFLAG
12.Comissão Goiana de Folclore
13.ICUMAN
14. IHGG

Para ler mais sobre a Conferência Municipal de Cultura, clique sobre este assunto, abaixo do texto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário