Os três documentos sobre esse assunto que já reproduzi aqui (carta enviada por Wilmar Ferraz ao Diário da Manhã, Proposta de Política Cultural e ofício do Conselho Estadual de Cultura encaminhando cópia dela e convidando as entidades da área para seu lançamento) são suficientes para esclarecer que o tom dado na matéria do Diário da Manhã não correspondeu ao que ocorreu de fato, segundo os presentes.
A leitura dos dois artigos que compõem a reportagem confirma isso. Contrariamente ao título dado ao primeiro, "Queda-de-braço cultural", não há evidência de disputa com Agepel. O texto insinua isso no primeiro parágrafo, quando, após citar que "segundo o presidente do CEC, entidades diversas da área foram convidadas para compor o documento" afirma em seguida que " a Agepel, entidade oficial de cultura ligada ao governo de Goiás, ficou de fora." E por que não deveria? A Agepel não é, como as demais, uma entidade supostamente representativa de um segmento artístico. Ela é, sim, o orgão, a agência, que executa as ações do governo para a área. Obviamente ela será consultada pelo Governador ao avaliar a implantação das propostas, e será a executora das ações. Tanto não há conflito que no quinto parágrafo está dito "Luiz Valadares [presidente do CEC] esclarece que o Conselho quer apenas agir dentro do seu papel legal. 'Não queremos funções públicas e não há críticas a ninguém. A Agepel é nossa parceira'[grifo meu], garante."
Fiz questão de indagar ao presidente do Conselho quanto à sua afirmação, usada como intertítulo no artigo, de que "acabou o tempo do rei". Segundo ele, referia-se à separação dos poderes, sua tripartição, o que não ficou claro no texto. De fato, como cita dois mecanismos em que a avaliação dos projetos passa pelo Conselho ( e portanto não dependem só do executivo), faz sentido. Não deixa porém, de ser uma afirmação polêmica, pois é um convite a personalizações se não é bem explicada, como parece ter sido o caso.
Entretanto, se houvesse conflito, por que o Conselho teria feito a homenagem ao ex-governador Marconi Perillo, em 17 de novembro, onze dias após a reunião inicial para elaboração do documento? Seria de uma incoerência total. Da parte das entidades, são reproduzidos comentários de vários dos presentes, e só um deles critica diretamente " a Agepel [que] virou uma produtora de eventos. Então que se crie uma Secretaria de Cultura para cuidar do relacionamento com a comunidade artística. Hoje é mais fácil falar com o secretário da Cultura de São Paulo que com o de Goiás”. Dizer que a Agepel é uma produtora de eventos não é nenhuma novidade. A segunda afirmação mereceria investigação, pois é grave: é realmente assim tão difícil o acesso ao Presidente da Agepel, ou é exagero? Quando isso aconteceu? Seria material para outro texto. Aqui no entanto, o que estava em questão não eram opiniões pessoais, mas o documento que era lançado, e nas suas 10 páginas, em nenhum momento é defendida a criação da Secretaria de Cultura ( o que fiz no meu texto publicado em O Popular ).
Esse aliás, foi o estrago causado pela cobertura do DM: desviou a atenção do que interessava, o documento, inédito, histórico, com a aprovação das 15 entidades que o assinaram junto ao Conselho, para o absolutamente irrelevante e superficial.
O repórter fez questão de ouvir o "outro lado". Começa insistindo na tese inicial de conflito, mostrando o estranhamento do presidente da Agepel com a ausência da agência na elaboração do documento. Comenta superficialmente alguns dos pontos que estão no documento. Entre eles, sua critica ao Sistema Nacional de Cultura, que, para quem conhece, é idêntica à do presidente do Conselho, mostrando, novamente, a comunhão de idéias.
O que de fato interessava, o documento, não é minimamente esmiuçado. Suas dez páginas são condensadas nas dezessete linhas do segundo texto "Propostas do Conselho", onde aparecem nove dos catorze itens da proposta, em tópicos- sete deles reproduzidos de forma idêntica; um com acréscimo de parte do texto que o explicava e um, o último, diferente do documento original(onde era o oitavo). A proposta do documento compromisso com a promoção da leitura e acesso ao livro mediante disponibilização de uma rede de bibliotecas virou Criação de um sistema estadual de bibliotecas, ligado ao sistema nacional. A biblioteca do Oscar Niemeyer deve ser o centro dessa rede. O trecho em negrito não existe em lugar algum no documento. O que há de mais próximo dele é um comentário do presidente da Agepel.
Meu caro,
ResponderExcluirNo seu texto, que analisa com cuidado os fatos, esqueceu de dizer que o reporter, autor da mal fadada ou mal afamada matéria é represente dos Pró Cínicos. E como tal deveria no mínimo abster-se de criar factoídes. E pior, apenas para desviar a atenção do que de fato importa: o teor do documento.
Por outro lado,não há inocência em quem crítica o "Rei", afinal, rei morto, rei posto especialmente para quem se julga na familia real.