O jornal Valor Econômico publicou ontem artigo sobre a sucessão em Goiânia (Iris Rezende e Meirelles começam a definir candidatura em Goiás) . O interesse logicamente decorre da possível candidatura do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas a maior parte do artigo é sobre Iris Rezende: as razões que o levariam a evitar ser candidato e sua biografia. Em destaque, a derrota para Marconi Perillo nas eleições de 98. Dois trechos (com grifo meu):
Com 76 anos, problemas de saúde - fez recentemente uma cirurgia - e um "trauma eleitoral" em 1998, quando foi literalmente "humilhado" nas urnas pelo tsunami Marconi Perillo (PSDB-GO), o prefeito não demonstra disposição para repetir a experiência. É o chefe incontestável de uma das unidades da federação pemedebista (Goiás) e deve também avaliar a situação com os outros caciques regionais do partido.
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Doze anos após a derrota para Perillo, o fantasma da "panelinha" ainda assombra. Em 1998, ele perdeu uma eleição na qual entrou virtualmente eleito, com mais de 70% das intenções de voto contra minguados 3% do tucano. Parecia o fim de uma carreira iniciada em 1958, como vereador, e que teve a sua primeira morte em 1969, quando era prefeito de Goiânia e perdeu o cargo ao entrar numa leva de políticos que tiveram o mandato cassado pelo regime militar.
Voltou quando o regime ensaiou a abertura política e permitiu eleições diretas para governador, em 1982. A partir daí construiu uma carreira vitoriosa. Das dez eleições que disputou até agora, perdeu duas. O político moderno dos anos 60 tornou-se também um cacique oligarca ao longo dos anos, condição que foi fatal na eleição de 1998, uma das duas das quais saiu derrotado: Perillo explorou com maestria o fato de o Estado estar havia anos controlado pela mesma "panela" - uma faísca que incendiou a campanha goiana e transformou em pó a candidatura de Iris.
Já escrevi aqui (Recordar é viver: A campanha de hoje e a de 1998) sobre um dos episódios mais incríveis daquelas eleições: o abandono da campanha de Marconi pelo seu coordenador, Kleber Adorno. Ele aderiu a Maguito Vilela e saiu atirando no seu ex-candidato, com direito até a anúncio em jornal (publicado a 20 dias das eleições, quando a diferença entre os dois candidatos já diminuíra para 52% a 22%) dizendo que Marconi acabaria com a distribuição de cestas básicas, programa que popularizara Maguito.
Anúncio publicado nos jornais: na foto, Iris e Kleber se abraçam, observados por Maguito e Paulo Roberto Cunha
No mesmo artigo, citei o perfil de Marconi, publicado pelo Correio Brazilense ( dos bons tempos de Noblat), escrito por José Rezende Jr., a partir da cobertura de um dia de campanha em Carmo do Rio Verde. Imperdível.
E já que estamos em ano eleitoral, vale a pena ler também as outras duas reportagens que postei anteriormente, feitas por veículos de fora de Goiás :
- a cobertura para o Estadão, pelo saudoso José Roberto Alencar, da convenção do PMDB em que Iris disputou a vaga de candidato a presidente do partido e era "o queridinho da direita", em 1989.
- a entrevista de Marconi ao Pasquim21, no início do seu segundo mandato;
Atualização em 17.01.10 - Adicionei a reprodução do anúncio nos jornais e o texto em verde, com a data aproximada da sua publicação e os percentuais de intenção de voto à época.
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