03 setembro, 2006

Ainda a Avestruz Master

Em sua edição de hoje, O Popular traz a reprodução de anotações de Jerson Maciel, da Avestruz Master, apreendidas pela Polícia Federal, em sua residência e no endereço que ocupava em São Paulo, quando foi preso, na segunda-feira passada(28/08).
Segundo o jornal, parte desse material constituiria uma "espécie de diário" em que "o autor das linhas mostra estar confuso com os rumos da crise". Acrescenta ainda que "a perturbação é traduzida em diversos pontos de exclamação e interrogação".
Compare-se essa descrição com o trecho abaixo, do artigo " De Raios e Avestruzes 3 - Não está no Jornal, mas está na Internet " , que postei em 16 de junho, e a semelhança desse caso com um Esquema Ponzi fica ainda mais evidente:

Um mundo de aparências
Como um esquema Ponzi é tecnicamente insolvente desde o primeiro dia do negócio, no sentido de que tem mais a pagar do que a receber, ele só pode continuar até secar a fonte de novos investidores. Neste momento, o esquema entra em colapso e o operador declara falência. O colapso pode ser acelerado pelo gasto excessivo do dinheiro pelo promotor do esquema com armadilhas para impressionar, dando credibilidade ao negócio, ou em extravagâncias, para criar uma aparência de prosperidade.


Muitos dos que cometem essa fraude pela primeira vez acostumam-se tanto com o estilo de vida que ela gera que eles mesmos não conseguem acreditar quando ocorre o colapso, convencidos ao longo do tempo por suas próprias mentiras.
Ainda segundo a matéria de hoje, Jerson sentia-se ameaçado e pretendia, com a venda das ações que obteria com a aprovação da recuperação judicial, fazer caixa para pagar "credores integrantes das Polícias Federal, Civil e Militar, além de membros da Justiça, da Receita Federal e de outras autoridades". São mais de três mil policiais militares, além de delegados e agentes da polícia civil, um delegado e agentes da polícia federal, na lista de investidores da empresa. Nisso também, reforça-se a semelhança com o Esquema Ponzi, como mostra esse outro trecho do mesmo artigo de 16 de junho:

O homem por trás do nome

O nome vem de Carl Ponzi, que recebeu 9 milhões e 800 mil dólares de 10,550 pessoas ( incluindo 75% da polícia local ) e pagou de volta 7 milhões e 800 mil dólares em apenas 8 meses em Boston, em 1920, ao oferecer lucros de 50% a cada 45 dias.
O jornal O Sucesso, que alertou sobre os problemas da empresa ainda em março de 2004 (leia De Raios e Avestruzes 2 -A imprensa, lá e cá), também traz reportagem hoje, abordando possíveis desvios de dinheiro que teriam ocorrido antes do fechamento da empresa, em novembro de 2005. Parte da matéria está disponível no site do jornal.

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