27 abril, 2010

Anistia - Enquanto o Supremo não decide... - 3 - Mídia brasileira está ocultando Garzón?

No primeiro artigo desta série, fiz remissão a vários artigos e vídeo tratando do assunto, entre eles a nota da Associação Juízes pela Democracia em apoio ao juiz espanhol Baltazar Garzón, publicada no Blog do Fred.

Lembrei que caso o STF adote os pareceres da Procuradoria da República e da AGU, para que tudo continue como está, o país continuará sendo a solitária exceção a não julgar os criminosos das ditaduras implantadas entre os anos 60 e 70. Julgamentos que tiveram na atuação de Garzón um estímulo fundamental, quando pediu a extradição de Pinochet.

Hoje, em artigo no Observatório da Imprensa, Alberto Dines trata em profundidade da atuação de Garzón e do movimento que se instalou na Espanha e no resto do mundo em sua defesa, elucidando os interesses que movem a direita espanhola contra o juiz. Destaca a ausência do caso na mídia brasileira explicando as razões, que explicam também o desinteresse pela votação de amanhã:

A mídia européia e americana solidarizou-se com Balta Garzón: para o New York Times, The Guardian, The Economist, o Liberation e Le Monde investigar os desaparecimentos durante a Guerra Civil não é delito, delito é perseguir um juiz que vai às últimas conseqüências em busca da verdade.

O cerco a Garzón dificilmente empolgará nossa mídia e não apenas por causa do embargo da Opus Dei nativa, mas porque o recente imbróglio em torno do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) foi resolvido com um acordo entre as partes: o governo retira do programa os itens que desagradam à mídia e esta não insiste na reabertura das investigações sobre as violências cometidas pelos órgãos de segurança durante o regime militar.

Pela gravidade da questão, Dines conclama seus leitores à ação:

Escreva ao seu jornal ou revista, caro leitor. Cobre deles um mínimo de informações sobre a perseguição a Baltasar Garzón. Você tem esse direito. Pergunte por que razão o cidadão brasileiro deve ser narcotizado pelas irrelevâncias e mantido à margem das trepidações que estão mudando o mundo.

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