O impacto da reportagem publicada pelo Magazine, no dia 7, não se limitou à contestação de Carlos Rosemberg, publicada no dia 12 (ver texto anterior). Na mesma edição, a seção Cartas dos Leitores trouxe um elogio do deputado Thiago Peixoto (PMDB) à reportagem:
Esta seção do jornal têm sido um espaço privilegiado para a exposição da pluralidade de pontos de vista dos seus leitores, muitas vezes tratando de aspectos que não são abordados nas reportagens. Voltarei a ela em outros artigos.
Neste caso específico, também fiz questão de parabenizar o jornal ( o que já fiz aqui em mais de uma oportunidade). Mandei uma mensagem, publicada no dia 17, onde aproveitei para fazer uma ressalva ao comentário do deputado:
Neste caso específico, também fiz questão de parabenizar o jornal ( o que já fiz aqui em mais de uma oportunidade). Mandei uma mensagem, publicada no dia 17, onde aproveitei para fazer uma ressalva ao comentário do deputado:
Infelizmente, a mensagem não foi publicada na íntegra (os trechos não publicados estão em azul):
Parabenizo este jornal pelo papel fundamental que tem assumido em
defesa dos valores democráticos, em especial nas suas coberturas da
autodenominada operação legalidade e da área cultural.
Nesta última, a equipe do Magazine tem feito jornalismo da melhor
qualidade, aquele que justifica a própria existência da imprensa,
tornando públicos aspectos controversos na atuação tanto do governo
estadual quanto da prefeitura de Goiânia.
A propósito, é surpreendente a carta do deputado Thiago Peixoto
publicada nesta seção no dia 12 último, comentando a matéria
excelente de Edson Wander sobre o Centro Cultural Oscar Niemeyer.
Pelos tópicos que aborda, parece que o deputado não leu as matérias
publicadas sobre a atuação da Secult nos últimos anos.Os leitores
regulares deste jornal sabem que ali, para não ficar nos vários
inquéritos que se arrastam inconclusos no Ministério Público, em parte
pela falta de respostas da prefeitura, já houve até transação penal em
inquérito por improbidade administrativa e há uma decisão judicial que
não há poder para fazer ser cumprida há quase três anos.
Para não me estender, como morou na Califórnia, o deputado com certeza
conhece o ditado "those who live in glass houses should not throw
stones" ( literalmente "quem mora em casa de vidro não deve atirar
pedras"). Pois Casa de Vidro é precisamente o nome de um centro
cultural a ser construído nas imediações do Niemeyer. O projeto foi
lançado quando o deputado era secretário municipal de governo e sua
transparência se restringe aos vidros que o cobrirão.
defesa dos valores democráticos, em especial nas suas coberturas da
autodenominada operação legalidade e da área cultural.
Nesta última, a equipe do Magazine tem feito jornalismo da melhor
qualidade, aquele que justifica a própria existência da imprensa,
tornando públicos aspectos controversos na atuação tanto do governo
estadual quanto da prefeitura de Goiânia.
A propósito, é surpreendente a carta do deputado Thiago Peixoto
publicada nesta seção no dia 12 último, comentando a matéria
excelente de Edson Wander sobre o Centro Cultural Oscar Niemeyer.
Pelos tópicos que aborda, parece que o deputado não leu as matérias
publicadas sobre a atuação da Secult nos últimos anos.Os leitores
regulares deste jornal sabem que ali, para não ficar nos vários
inquéritos que se arrastam inconclusos no Ministério Público, em parte
pela falta de respostas da prefeitura, já houve até transação penal em
inquérito por improbidade administrativa e há uma decisão judicial que
não há poder para fazer ser cumprida há quase três anos.
Para não me estender, como morou na Califórnia, o deputado com certeza
conhece o ditado "those who live in glass houses should not throw
stones" ( literalmente "quem mora em casa de vidro não deve atirar
pedras"). Pois Casa de Vidro é precisamente o nome de um centro
cultural a ser construído nas imediações do Niemeyer. O projeto foi
lançado quando o deputado era secretário municipal de governo e sua
transparência se restringe aos vidros que o cobrirão.
Para saber mais sobre os assuntos que mencionei na cartinha, basta clicar em qualquer dos marcadores que ficam na parte inferior direta desta página (não válido para os textos mais antigos) , ou utilizar o formulário de pesquisa que fica no canto superior esquerdo.
Sobre centros culturais e política cultural, reproduzo artigo que publiquei em 9 de julho do ano passado. Nele, comparei o que se faz em Goiânia com a atuação do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, além de elogiar e reproduzir uma outra ótima reportagem do Magazine :
Sobre centros culturais e política cultural, reproduzo artigo que publiquei em 9 de julho do ano passado. Nele, comparei o que se faz em Goiânia com a atuação do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, além de elogiar e reproduzir uma outra ótima reportagem do Magazine :
Cultura Predial - entrando no cheque especial
No domingo, dia 6, o Magazine, de O Popular, publicou mais uma reportagem de peso de Edson Wander. Desta vez, a propósito dos centros culturais existentes ou em vias de existir na cidade ( leia os textos da reportagem ao final).
O título da primeira matéria é muito feliz e resume a questão: Cultura predial. Junto com os eventos são os prédios que aparecem como prioridade das administrações, num ambiente de ausência de política cultural, como é o nosso. Ambos dão visibilidade, objetivo único da mentalidade estreita que só enxerga repercussão eleitoral imediata.
Veja-se em sentido contrário à situação descrita pela reportagem, de espaços construídos sem planejamento prévio, sem uma política de fomento à produção que os ocupe, o caso do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
Inaugurado em outubro de 2000, o CCBB mudou o panorama da programação cultural em Brasília. Tem um teatro com 300 lugares, duas salas de exposição e um cinema, abrigados no prédio onde funciona a diretoria de gestão de pessoas do banco, projeto de Niemeyer - mas aqui tamanho não é documento: importa a qualidade, a continuidade e a variedade. Abriga mostras de cinema, exposições, shows musicais, peças teatrais e atividades literárias, entre outros, escolhidos através de seleção pública de projetos.
Em 2005, foram 80 atividades, a um custo de R$ 11 milhões ( média de R$ 137,5 mil por atividade). A previsão em 2006 era de um investimento de cerca de R$ 8 milhões, para cinquenta atividades (média de R$ 150 mil por atividade). Esses, os custos com a programação do espaço, para garantir sua movimentação. Não entram na conta os custos fixos (estrutura, funcionários, limpeza,etc.) nem aqueles que variam com as especificidades de cada projeto (tamanho do projeto, tempo de permanência, número de pessoas envolvidas e divulgação, etc., ).
É evidente, a partir desses dados, como o custo de instalação de um equipamento cultural é uma fração do custo necessário para mantê-lo cumprindo seu papel a contento, o que justificaria sua existência ( em outras áreas não é diferente, imagine-se um hospital, por exemplo).
Compare-se esses valores com o que será gasto com a construção da Casa de Vidro ( R$ 3 milhões) ou a Vila Cultural ( R$ 11,7 milhões), ambas com recursos oriundos de emendas ao orçamento da União. Junte-se o Niemeyer ( mais de R$ 65 milhões), o Goiânia Ouro ( R$ 2 milhões, segundo reportagem de O Popular sobre a inauguração, em 21.06.06) e o CETE, de custo não sabido.
O Goiânia Ouro, que completou dois anos recentemente, é um caso à parte. Na inauguração o Popular informou que o custo de implantação teria sido bancado pelo proprietário, em troca de um aluguel de R$ 13 mil à época ( atualmente R$ 16 mil, segundo a reportagem de Edson Wander). Os R$ 2 milhões, corrigidos pela poupança teriam rendido R$ 322 mil. Dois anos de aluguel, ao preço atual, dariam R$ 384 mil. Ou seja, o aluguel mal compensou o rendimento que seria obtido com a aplicação do dinheiro usado na reforma, o que faz do proprietário o maior mecenas de que se tem notícia em Goiás, quiçá no Brasil.
Em todos os casos, mais despesas fixas a consumir recursos que poderiam estar sendo investidos diretamente no fomento aos artistas ( confira a despesa com pessoal do Goiânia Ouro e o impacto do Niemeyer sobre o orçamento da Agepel).
Infelizmente, cada nova notícia só confirma o que eu disse a propósito do Niemeyer : pagaremos, com o que nunca tivemos, o que ninguém nos perguntou se ou como queríamos.
O título da primeira matéria é muito feliz e resume a questão: Cultura predial. Junto com os eventos são os prédios que aparecem como prioridade das administrações, num ambiente de ausência de política cultural, como é o nosso. Ambos dão visibilidade, objetivo único da mentalidade estreita que só enxerga repercussão eleitoral imediata.
Veja-se em sentido contrário à situação descrita pela reportagem, de espaços construídos sem planejamento prévio, sem uma política de fomento à produção que os ocupe, o caso do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
Inaugurado em outubro de 2000, o CCBB mudou o panorama da programação cultural em Brasília. Tem um teatro com 300 lugares, duas salas de exposição e um cinema, abrigados no prédio onde funciona a diretoria de gestão de pessoas do banco, projeto de Niemeyer - mas aqui tamanho não é documento: importa a qualidade, a continuidade e a variedade. Abriga mostras de cinema, exposições, shows musicais, peças teatrais e atividades literárias, entre outros, escolhidos através de seleção pública de projetos.
Em 2005, foram 80 atividades, a um custo de R$ 11 milhões ( média de R$ 137,5 mil por atividade). A previsão em 2006 era de um investimento de cerca de R$ 8 milhões, para cinquenta atividades (média de R$ 150 mil por atividade). Esses, os custos com a programação do espaço, para garantir sua movimentação. Não entram na conta os custos fixos (estrutura, funcionários, limpeza,etc.) nem aqueles que variam com as especificidades de cada projeto (tamanho do projeto, tempo de permanência, número de pessoas envolvidas e divulgação, etc., ).
É evidente, a partir desses dados, como o custo de instalação de um equipamento cultural é uma fração do custo necessário para mantê-lo cumprindo seu papel a contento, o que justificaria sua existência ( em outras áreas não é diferente, imagine-se um hospital, por exemplo).
Compare-se esses valores com o que será gasto com a construção da Casa de Vidro ( R$ 3 milhões) ou a Vila Cultural ( R$ 11,7 milhões), ambas com recursos oriundos de emendas ao orçamento da União. Junte-se o Niemeyer ( mais de R$ 65 milhões), o Goiânia Ouro ( R$ 2 milhões, segundo reportagem de O Popular sobre a inauguração, em 21.06.06) e o CETE, de custo não sabido.
O Goiânia Ouro, que completou dois anos recentemente, é um caso à parte. Na inauguração o Popular informou que o custo de implantação teria sido bancado pelo proprietário, em troca de um aluguel de R$ 13 mil à época ( atualmente R$ 16 mil, segundo a reportagem de Edson Wander). Os R$ 2 milhões, corrigidos pela poupança teriam rendido R$ 322 mil. Dois anos de aluguel, ao preço atual, dariam R$ 384 mil. Ou seja, o aluguel mal compensou o rendimento que seria obtido com a aplicação do dinheiro usado na reforma, o que faz do proprietário o maior mecenas de que se tem notícia em Goiás, quiçá no Brasil.
Em todos os casos, mais despesas fixas a consumir recursos que poderiam estar sendo investidos diretamente no fomento aos artistas ( confira a despesa com pessoal do Goiânia Ouro e o impacto do Niemeyer sobre o orçamento da Agepel).
Infelizmente, cada nova notícia só confirma o que eu disse a propósito do Niemeyer : pagaremos, com o que nunca tivemos, o que ninguém nos perguntou se ou como queríamos.
Cultura Predial
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Mais um espaço
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Mapa Cultural
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Atualização em 11.03.09 - mudei a forma de visualização dos documentos.
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