19 março, 2007

Cultura Zero? 4 - Qual é o número?

Na edição de ontem, o caderno Magazine, de O Popular, trouxe como reportagem de capa uma seqüência de entrevistas com várias pessoas do meio cultural, que expuseram suas expectativas quanto à gestão da nova presidente da Agepel.
A matéria é assinada por quatro repórteres extremamente profissionais e muito zelosos de seu trabalho, que têm atuado tanto quanto possível em áreas específicas : Edson Wander - Música, Rogério Borges - Literatura, Valbene Bezerra - Teatro e Artes Plásticas e Rute Guedes - Cinema. É de supor-se que cada um deles tenha colhido os depoimentos dos entrevistados de sua área de atuação principal. Por isso mesmo, não é possível entender qual o critério de escolha dos entrevistados. A princípio, imaginei que fossem os presidentes de entidades representativas, mas há depoimentos que não seguem essa regra. No cinema, por exemplo, entrevistou-se o presidente da ABD-GO Associação Brasileira de Documentaristas - SeçãoGoiás, um roteirista e uma jovem cineasta, mas não foi ouvido Eládio Garcia Sá Teles, presidente da AGCV-Associação Goiana de Cinema e Vídeo, entidade que lutou pelo edital de curta-metragens que ela menciona (que aliás não foi lançado no ano passado).
A matéria, no que tange à Política Cultural, embora seja um trabalho de fôlego, ao limitar-se a reproduzir declarações dá dois passos atrás em relação ao marco histórico estabelecido por uma outra, publicada no mesmo espaço, em 02 de abril do ano passado, de autoria de Edson Wander (leia Bravo).
Questão a ser esclarecida é o valor do orçamento da Agepel para este ano. A matéria menciona R$ 42 milhões, sem indicar a fonte. O valor que utilizei em meus artigos anteriores é de R$ 47,5 milhões, soma das parcelas constantes da coluna respectiva no documento Despesas Previstas 2006 a 2007 , entregue pela Agepel ao Ministério Público no dia 15 de janeiro (a soma no documento está errada - confira na tabela que elaborei).
Onde foram parar os outros R$ 5,5 milhões? O valor corresponde a mais da metade da despesa com pessoal da Agência no ano passado (dado que acabo de obter), que foi de R$ 10,3 milhões, e é equivalente à soma dos gastos previstos para este ano com o FICA (R$ 3,7 milhões) mais a TENPO ( R$ 1,8 milhões) (leia Cultura Zero).

Um comentário:

  1. Marcus, vôce não perde uma! A matéria a despeito do time de escribas em campo, jogou fraquinho, fraquinho! Basta ver que entenderam que cultura é cinema e teatro, ou seja, apostaram que eventos são o "must". Cade a fala do povo das artes visuais?
    A melhor fala como sempre foi a do Lotufo, claro, sintético e direto. Politica pública para cultura já!

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