Carlos Lacerda passou à história como o conspirador por excelência, que levou Vargas ao suicídio e ajudou na preparação do golpe de 64, o que qualifica negativamente quase tudo que diga respeito a ele. No entanto, muita gente o admirava pela inteligência e cultura. O escritor americano John dos Passos era uma dessas pessoas. A reprodução que ele faz da análise de Lacerda sobre a volta de Vargas ao poder, pelas urnas, diz muito sobre o Brasil pós- ditadura, e os grupos de poder que se constituíram e se alternam no poder:
" O presidente Vargas, agora um homem de idade satisfeito, com o velho sorriso benevolente em seu rosto, só queria uma vida tranqüila. Ele queria que todos pensassem bem dele sem se precupar demais com cidades superlotadas ou os problemas de financiar uma vasta nação irregularmente desenvolvida.
O problema era que seus apoiadores, os instransigentes do partido que tinham coagido os eleitores da classe trabalhora a votarem nele, não estavam satisfeitos. Eles estavam famintos. Eles não podiam esperar para encher seus bolsos. Até mesmo os próprios familiares de Vargas foram infectados pela febre do ficar rico rápido. As salas de espera do Palácio Presidencial estavam apinhadas de mascates influentes e intermediários, muitos deles bandidos ou pessoas desqualificadas com passagens pela polícia. Na memória humana ninguém jamais tinha visto uma roubalheira tão descarada como a que se deu na última administração Vargas. "
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