As edições de hoje de O Popular e do Diário da Manhã trazem algo raro na nossa imprensa: a crítica de espetáculos acontecidos na cidade. No teatro isso é inexistente. Na música, é ocasional. Normalmente há ampla divulgação do que acontecerá, mas nenhum comentário posterior. Assim, só sua dimensão inédita explica que o show de Bruno e Marrone tenha críticas na capa do DM Revista (Showzão com Sonzinho, de Adalto Alves) e na página 2 do Magazine(Ensaio Aberto, de Edson Wander).
Nos dois textos, ressalta-se o aspecto de ser um show cujo objetivo era a gravação de um DVD, com as naturais repetições, suportável para quem é do ramo, frustrante para a platéia. Ler a ambos é um ótimo exercício, pois são complementares: Alves destaca as opiniões de pessoas da multidão e Wander traz os detalhes de como correu o show, a atuação dos cantores e convidados ("Leonardo, se desculpou pelo tropeço na letra [de uma música que errou e repetiu] e Bruno assentiu dizendo ser 'assim mesmo'. 'Eu também já errei um punhado de vez aqui' "). Relata inclusiive um momento de de constrangimento, quando "na abertura, um agradecimento ao prefeito Íris Rezende não encontrou eco em toda a platéia (dos camarotes ouviu-se um princípio de vaia)".
Há uma aparente contradição quanto ao som. Alves, explicando o título da matéria, diz que " O som era pífio. Sim, senhoras e senhores, um palcão grande daquele, parecido com uma penteadeira bacana, emitia um chiado de radinho ". Já Wander diz que " o som estava excepcional, cristalino como os dois telões laterais providenciados para o público vip, o dos camarotes, que estavam bem longe do palco". O texto de Wander fornece uma provável pista para esta diferença abissal de avaliação: não houve credenciamento da imprensa e os jornalistas (pelo menos ele) entraram com ingressos de pista, que "estava confortável às 21:08h. , quando a dupla apareceu no palco", mas " às 22h., na metade do show, ficou abarrotada". Parece que Wander ficou perto do palco, e Alves, distante. Vamos esperar que textos assim passem a ser rotina. O público agradece.
Clique aqui para ler o texto de Adalto Alves. O de Edson Wander, infelizmente, só está disponível para os assinantes de O Popular.
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