No dia 27 último, véspera da manifestação em defesa do FAC, circulou pela Internet uma mensagem do ex-Secretário Municipal de Cultura, Sandro di Lima, repassada por outras pessoas, aparentemente dirigida ao Conselho Municipal de Cultura, o que se deduz pelo seu tom extremamente formal (veja a mensagem na nota abaixo).
Nela, o ex-Secretário apóia o movimento, lamentando não poder participar, por trabalhar fora de Goiânia, e faz um “leve” reparo ao texto do panfleto de divulgação da manifestação (veja o panfleto na nota Em Defesa da Cultura , abaixo), “onde se diz que a gestão passada ignorou o FAC. Há uma incorreção, uma vez que o mesmo foi criado por iniciativa da gestão anterior, após ouvir a classe artística. O que houve foi ausência de recursos da Secretaria de Finanças para honrar o repasse legal”.
O ex-Secretário é muito modesto. Ele merece todo o crédito pela situação em que hoje se encontra o meio artístico de Goiânia frente à Secretaria Municipal de Cultura, iniciada com a alteração autoritária no FAC e agora ampliada com a convocação irregular da Conferência Municipal de Cultura. De fato, a gestão passada, junto à Câmara Municipal, criou o FAC, em lei aprovada em dezembro de 2002, assim como reformulou o Conselho Municipal de Cultura, em janeiro de 2003.
Contudo, não cuidou de suas crias. Desde sua instalação o atual Conselho Municipal de Cultura teve de conviver com a ausência sistemática às suas reuniões daquele que deveria presidi-lo e também com a falta de resposta aos encaminhamentos que eram feitos a ele. Na verdade, a postura do ex-secretário permitiu a instalação de um clima de animosidade contra o conselho dentro da secretaria : na Comissão de Projetos Culturais, nas discussões sobre o Goiânia em Cena e sobre a II Conferência Municipal de Cultura. Mais grave: não deu ao conselho as condições para que elaborasse, como era intenção e obrigação dos conselheiros, propostas de uma Política Cultural para a cidade, de aperfeiçoamentos na Lei Municipal Incentivo à Cultura e na própria legislação que regulamenta o conselho. Enfim, impediu que o conselho se estruturasse e consolidasse ao longo do ano passado, de forma a ser respeitado pela nova gestão.
Quanto ao FAC especificamente, a gestão que o criou não depositou os valores devidos já no primeiro ano de sua vigência, 2003. Foi o Conselho Municipal de Cultura que ao longo de todo o ano passado cobrou da Secult o cumprimento da legislação referente ao FAC. Não só à Secult, mas ao próprio prefeito, em debate na Rádio Companhia, ainda no primeiro turno das eleições. Como último recurso, fez representação ao Ministério Público.
O ex-secretário se comporta como o pai negligente que negou aos filhos o cuidado para que crescessem fortes e saudáveis, enquanto tratava de seus interesses pessoais fora de casa, e por fim os largou à própria sorte, refugiando-se confortavelmente em destino incerto e ignorado. Mas, vaidoso, ao saber que sobreviveram à adversidade, são vigorosos e admirados, faz questão de afirmar sua paternidade.
14 outubro, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário