Reproduzo texto de Marcos Lotufo, onde são levantados pontos importantes que merecem reflexão de todos aqueles em busca de avanços em nosso cenário cultural:
Tenho acompanhado há alguns anos o movimento cultural em Goiânia e tenho plena convicção de seu valor. Tenho certeza, também, de que essa retomada não acontece somente no teatro, mas em todas as artes. Há algum tempo tinham destaque somente os marqueteiros, aqueles que se autopromoviam. Hoje Goiânia está a um passo de se tornar uma capital cultural competindo de igual por igual com qualquer outra capital brasileira.
Isso se revela nas produções, na frequência cada vez maior de representantes goianos nos festivais, qualidade evidente, cursos e público mas também na qualidade das discussões.
Ainda falta muito mas estamos a caminho.
As vitórias conquistadas são mera comprovação do que todos já sabemos. As questões levantadas pelo Robson sobre as decisões com vistas ao "Goiânia em Cena" são pertinentes e mostram que ainda não temos o senso crítico aguçado e muitas coisas ainda passam desapercebidas em momentos que estamos comemorando conquistas.
Há algumas questões mais delicadas que não podemos deixar de discutir e que, eu sei, não são muito fáceis de serem abordadas. Uma delas é a Lei Municipal de Incentivo (ou as leis de incentivo). Ao contrário do que muitos pensam, continuo achando que ela tem prejudicado o movimento em vez de ajudá-lo. É o que temos e não podemos deixar de usá-la porém, a situação denunciada e a vitória conseguida com a defenestração do projeto do Catálogo, a não ser o fato da maracutaia evidente, as outras questões levantadas (concorrência desleal, etc.) devem ser analisadas mais francamente pois projetos da Universidade Católica ou de cantores estabelecidos como Marcelo Barra por exemplo, competem em igual nível com projetos de grupos sem estrutura e/ou desconhecidos.'Todos podem ser merecedores de apoio, mas devem concorrer em categorias diferentes, na minha opinião.
Temos também casos de favorecimento, em outras esferas, conquistado por amizades pessoais, parentescos ou ... ou ... ou ... é preciso que discutamos isso tudo abertamente e sem receio. Nesta selva, a luta pela sobrevivência nos faz, muitas vezes, cometer atos que normalmente não cometeríamos. Isso, a meu ver, é inevitável mas acaba com nossa autoestima e quebra a força para lutarmos por princípios mais justos. Quando caímos nessa tentação, devemos abrir a discussão para que consigamos formas justas de nos mantermos e mantermos nosso trabalho.
Devemos fazer uso do que está aí, mas não podemos deixar de lutar por mudanças.
Falei demais e fui confuso provavelmente, mas espero contribuir para nosso crescimento.
Marcos
02 setembro, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Não creio que tenha sido confuso, até muito pelo contrário. Acredito que está passando de hora da cultura ser vista como uma área de produção e de contribuição para a economia brasileira. E mais ainda, que o gestor público deixe de encarar as ações e programas culturais como uma extenção do quintal da casa dele,promovendo o favorecimentos dos amigos e conhecidos em detrimento da preservação das instituições permanentes e dos produtores em geral.
ResponderExcluir