30 julho, 2005

Resultado da Lei Municipal de Incentivo à Cultura

Dentre os projetos aprovados pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, divulgados no dia 25 de julho, um chama a atenção. Não apenas por ter o maior valor concedido, mas pelo seu proponente, a Jardim Goiás Empreendimentos S/A, nome que remete ao bairro que lhe dá nome e aos empreedimentos situados nele ou nas cercanias – Flaboyant Shopping Center , Confort Suítes, Alphaville, entre outros. Riqueza e luxo, nada a ver com o cotidiano difícil das dezenas de artistas, mais ou menos conhecidos, que completam a lista.

Aparentemente, a empresa e seus controladores possuem um dos maiores patrimônios imobiliários de Goiânia, certamente com um IPTU correspondente, ou seja, teria tudo para ser um dos maiores incentivadores através da lei . No entanto, está é na lista dos incentivados, numa inversão completa do pretendido. Imagino que nem a mente mais criativa, na sua mais delirante fantasia, dentre os artistas que acamparam na Secretaria de Finanças, para conseguir efetivar a lei, imaginaria estar lutando para um dia ajudar ao Flamboyant Shopping Center.

Isso é revelador da forma como nossos ricos lidam com a cultura e a sociedade na qual seus negócios prosperam e fazem ou aumentam suas fortunas. Nada a ver com a tradição americana dos Art Patrons, onde sobrenomes como Vanderbilt, Whitney, Rockefeller e Guggenheim ficaram na história pelo patrocínio que deram às artes. Associaram sua riqueza, o gosto e conhecimento pelas artes e literatura e um compromisso social. Aqui, aqueles que poderiam ser seus equivalentes concorrem com os artistas pelos parcos recursos públicos disponíveis.

Da parte da Secretaria de Cultura, o episódio revela um descuido da comissão responsável na análise desse projeto, pois um dos critérios a serem observados para aprovação é “ a dificuldade de sustentação econômica do projeto no mercado”.

Convenhamos, se um projeto realizado pelo maior e mais antigo shopping center do estado, um dos maiores do país, por onde circulam mensalmente um milhão e meio de pessoas não tiver condições de se sustentar, qual terá?