03 agosto, 2020

Quatro descobertas sobre o Coronavírus ( e um pouco sobre a reabertura nos EUA)

Quatro novas descobertas sobre a Covid-19 foram apresentadas  pelo repórter de ciência e saúde Donald G. Mcneil Jr , que já cobriu epidemias em mais de 60 países, dia 6 de julho, no podcast  The Daily, do The New  York Times.  Ele também comentou sobre a reabertura nos EUA, o que o torna especialmente interessante para nós que estamos no Brasil. Vale a pena ouvir (há também uma transcrição do áudio).


Para facilitar, segue um resumo dos pontos principais abordados.


O aumento dos casos em estados americanos do sul e oeste é exatamente como previsto em maio, quando flexibilizaram com os casos ainda aumentando: aumentariam ainda mais rápido.

 

Aqui cabe um paralelo com a situação dos EUA. Em Goiás,  o Governador Ronaldo Caiado desistiu de enfrentar as resistências a medidas duras em 18 de maio, como lembrou Cileide Alves em artigo no jornal O Popular em que fez a cronologia do enfrentamento à pandemia no estado). Vale a pena ler o artigo que Donald publicou (tem traduzido em espanhol) , também em maio,   quando os estados anunciavam a reabertura, no qual detalha que nenhum tinha 14 dias sem aumento de casos e que havia dificuldades para o rastreamento: além dos testes, um caso gera 50 contatos cujo rastreamento demanda três dias de trabalho de cinco rastreadores.

 

Votando ao podcast, em Houston, a situação era similar à de Nova York em abril, de colapso na assistência médica. Só as mortes ainda não estavam na mesma incidência, mas com pessoas internadas em UTI, pode ser que tenham que armazenar corpos em caminhões frigoríficos mais à frente.


O maior consenso hoje é que a doença causada não é respiratória mas vascular - afeta todo o corpo, pois infecta os vasos sanguíneos: pulmões, rins, o intestino, o cérebro e o coração. O que aumenta a necessidade de testes, e rápido, porque outras condições, não respiratórias, como AVCs, ataques cardíacos e até artrite podem estar relacionadas ao coronavírus.


O vírus sofre mutações a cada duas semanas. Uma importante ocorreu na Itália, originando uma variedade italiana ou europeia que seria entre cinco a dez vezes mais transmissível mas menos letal.


Ambientes fechados são muito mais perigosos. O contágio seria até 20 vezes maior que ao ar livre, tornando o período frio em que estamos crítico. As gotículas percorrem o ambiente fechado, podendo contaminar quem está no mesmo cômodo. Ao ar livre, mais importante que usar máscaras é manter a distância de dois metros das outras pessoas.


Uma boa notícia, crucial para pais, crianças e a economia: aparentemente será possível o retorno das escolas de educação infantil antes do esperado - diferentemente da influenza, as crianças parecem não tossir e espirrar quando infectadas.


Finalmente, é preciso que todos os estados dancem conforme a mesma música, que em momentos críticos, sigam as mesmas regras. Especialmente porque as ações só produzem resultados depois de três semanas, devido ao período de manifestação dos sintomas e hospitalização.


A participação anterior de Donald no The Daily, em abril, em que tratou do que viria pela frente pelos próximos um ano ou talvez dois foi memorável. Soube dela por um tuíte do jornalista americano radicado no Brasil Vinod Sreeharsha.

 

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